Morreu, às 6h30 de ontem, o cantor Emílio Santiago. Ele estava internado
na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Samaritano, em Botafogo, na
zona sul do Rio de Janeiro, desde o dia 7 de março, após sofrer um
acidente vascular cerebral isquêmico, em que não há hemorragia.
Ele sentiu-se mal e foi encontrado na sua cobertura, no Flamengo, zona
sul, por uma empregada. A morte foi em decorrência de complicações do
acidente vascular.
O corpo está sendo velado na Câmara de
Vereadores do Rio de Janeiro, com a presença de diversos artistas, como
Alcione, Elba Ramalho, Nana Caymmi, entre outros. O enterro será hoje,
ao lado do túmulo da mãe, Ercília, no Cemitério Memorial do Carmo, na
zona portuária.
Carreira
Emílio Santiago
começou a cantar em festivais universitários na década de 1970.
Participou do programa de calouros de Flávio Cavalcanti, na extinta TV
Tupi, e foi crooner da orquestra de Ed Lincoln, além de fazer
apresentações em boates e casas de espetáculos noturnas.
Considerado
uma das vozes mais marcantes de sua geração, gravou seu primeiro
compacto em 1973 pela Polydor com as faixas "Transa de Amor" e "Saravá",
"Nega", que precederam outros grandes sucessos como "Saigon", "Verdade
Chinesa" e "Lembra de Mim". Ficou conhecido do grande público com o
projeto "Aquarela Brasileira", iniciado em 1988, com sete volumes
dedicados à música popular brasileira. Seu último disco foi "Só danço
samba (ao vivo)", lançado em 2012, junto com um DVD.
Antes do AVC, ele estava em turnê, com shows marcados para Rio de Janeiro e Campinas.
Segundo
o site oficial do cantor, em casa, durante a adolescência, ele
selecionava o que havia de melhor na época, como Nelson Gonçalves, Cauby
Peixoto e Anísio Silva, entre outros. Depois, João Gilberto e a Bossa
Nova conquistam de vez o jovem bacharel". O artista era formado em
Direito.
Repercussão
A notícia repercutiu
entre artistas e fãs que colocaram o nome do músico entre os termos
mais citados mundialmente no Twitter ontem.
"A voz de Emílio
Santiago era mais suave que a de Nat King Cole", escreveu o crítico de
música do jornal "The New York Times", em um artigo publicado em 24 de
abril de 2009, na edição impressa do jornal.
Santiago se
apresentou na noite de 23 de abril daquele ano, ao lado de Dori Caymmi,
filho de Dorival Caymmi, no Bossa Brasil Festival, em Nova York.
Entusiasmado, o crítico classificou o show como "um diálogo íntimo
musical, suave e ao mesmo tempo áspero".
"A suavidade incorporada
por Santiago, apelidado de Nat King Cole do Brasil, tem sido sua marca
desde meados dos anos 1970. Sua voz é mais rica e profunda do que a de
Cole".
Emocionada com a morte do colega, a cantora Nana Caymmi
disse que ele foi um dos maiores cantores do Brasil. "Era de um bom
gosto impressionante. Era um grande intérprete", disse.
"Sempre
falei isso: ele é a voz do Brasil. Que me desculpem meus amigos grandes
cantores como Milton e Caetano, mas o Emílio era o meu cantor", disse o
músico Roberto Menescal.
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