O número
de cães infectados pela leishmaniose começa a preocupar profissionais que atuam
no setor de saúde deste município. Somente nos últimos dias, exames
laboratoriais confirmaram a presença da doença em 72 animais que estão
recolhidos aos canis do Centro de Zoonoses do Cariri. Além dos animais, pelo menos
duas pessoas já foram diagnosticadas com a forma visceral da leishmaniose.
Outras sete pessoas tiveram confirmação em exames realizados para
a leishmaniose do tipo tegumentar, que é uma forma menos agressiva da doença.
Os casos estão sendo tratados em hospitais da Cidade e, nos locais onde os cães
foram capturados, agentes do setor de endemias do Município estão realizando
bloqueios na tentativa de impedir a proliferação do mosquito transmissor da
doença.
Em pelo menos cinco bairros da Cidade, há preocupação em relação
ao número de casos de animais confirmados com a doença. Há cerca de duas
semanas, técnicos dos setores de epidemiologia e zoonoses intensificam
trabalhos de varredura nestas regiões.
Os bairros Muriti, Seminário e Vila Alta são os que, até o
momento, registram o maior número de casos confirmados da enfermidade em
animais.
Para facilitar o trabalho de diagnóstico, os agentes utilizam kits
repassados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), que permitem a realização
de exame sorológico imediato. Em caso de confirmação, o animal é recolhido ao
Centro de Zoonoses do Cariri e uma mostra do sangue do cão é encaminhada ao
Laboratório Central (Lacen), em Fortaleza, para que haja confirmação da doença.
"No ano passado os municípios permaneceram alguns meses sem
kits para realização de exames de sorologia animal. Isso prejudicou o trabalho
dos agentes de endemias e de zoonoses. Por conta do atraso, é possível que o
número de casos registrados neste ano seja maior do que o do ano passado em
vários municípios da região", alertou o veterinário Ricardo Pierre, do
Centro de Zoonoses do Cariri.
Conforme o profissional, embora os números já sejam considerados
alarmantes, as autoridades do setor de saúde no Município estão buscando a
parceria com a sociedade local para que não haja crescimento no registro de
casos confirmados em humanos. "Sem a participação da sociedade, não há
como diminuir o crescimento da doença nas pessoas. O problema não é apenas
governamental", disse.
As pessoas precisam compreender que, na maioria dos casos, a
leishmaniose ocorre dentro das próprias residências. Em um dos casos
confirmados, por exemplo, uma pessoa acometida pela forma visceral possuía,
dentro de casa, cinco cachorros que também estavam contaminados. "A
sociedade precisa participar do combate à leishmaniose", advertiu Pierre.
O secretário de Saúde do Município, Francimilton Macedo, informou
que equipes foram criadas para trabalhar exclusivamente a questão da
leishmaniose no Crato. "Nós disponibilizamos profissionais treinados para
realização do trabalho em campo e estamos buscando garantir todo o atendimento
necessário para que nenhuma localidade deixe de receber a ação de bloqueio.
Também solicitamos, neste ano, o aumento no número de kits para realização do
exame sorológico no momento da captura dos animais, o que facilita muito a ação
dos agentes de endemias", informou.
Conforme o secretário, ações educativas também estão sendo
desenvolvidas em localidades do Município. O objetivo é dividir com a sociedade
a responsabilidade do combate a leishmaniose", explicou Francimilton.
Além de Crato, o município de Mauriti também registra um caso de
leishmaniose visceral confirmado em 2015. No ano passado, houve registro de
casos em 19 municípios da região.
As maiores incidências, naquele período, ocorreram em municípios
de Várzea Alegre, onde foram identificados 15 casos; Barbalha (14 registros);
Juazeiro do Norte (13 ocorrências); e Mauriti, onde houve confirmação de 10
casos da doença.
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