Logo após a confirmação de que a Beija-Flor conquistou o título de melhor do carnaval do Rio, críticas ao enredo da escola de Nilópolis (Baixada Fluminense) passaram a dominar as redes sociais. A agremiação homenageou Guiné Equatorial, país da África que é um dos maiores produtores de petróleo do continente, mas que tem índices muito baixos de desenvolvimento humano.
Uma das favoritas ao título, a Mocidade Independente, que contratou ano passado o carnavalesco Paulo Barros, grande vencedor dos últimos anos, acabou em sétimo lugar e, por isso, não estará no sábado das campeãs. Já a Viradouro, que subiu do segundo grupo em 2014, foi novamente rebaixada. Enquanto a Mangueira (10º) teve a terceira pior classificação em 86 anos de história.
Para adotar o enredo, a Beija-Flor teria recebido R$ 10 milhões do ditador que comanda o país há 32 anos. O filho dele costuma ir ao Rio no carnaval e estava na Sapucaí, em seu camarote particular, conferindo o desfile da Beija-Flor na última segunda-feira (16). "Vagabundo dá nota 9,9 pra um enredo falando sobre Nelson Mandela e dá 10 pra escola que trouxe Guiné Equatorial pra avenida. Vale lembrar que o ditador do tal país injetou milhões na escola da qual me recuso a falar o nome", postou um torcedor da Imperatriz, escola de samba que homenageou o ex-presidente da África do Sul morto em 2013.
O site de humor Sensacionalista publicou uma reportagem fictícia com a manchete "Próximo enredo da Beija-Flor vai homenagear o Estado Islâmico", referindo-se à organização terrorista que já promoveu diversos atentados pelo mundo.
No Facebook, outros integrantes de escolas de samba mostraram conformismo. "Como não existe o quesito 'odeio tema sobre ditador sanguinário', parabéns, Beija-Flor, justíssima vitória", escreveu um torcedor de uma escola da segunda divisão.
Os dirigentes da Beija-Flor não se manifestaram sobre a questão. "Não existe essa polêmica. Tentaram jogar o povo contra nós, mas não conseguiram", disse Nelsinho David, conselheiro da escola e membro da família de contraventores que comanda a escola.
Diretores de outras agremiações carnavalescas também evitaram falar sobre o assunto.
"Carnaval é isso mesmo, a Beija-Flor foi merecedora e a gente tem que respeitar", declarou a presidente do Salgueiro, Regina Celi, que perdeu por quatro décimos. Na apuração, é habitual que os perdedores contemporizem a derrota.
Vitória acirrada
O enredo da campeã foi "Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade". Com 269,9 pontos de 270 possíveis, a escola ganhou com quatro décimos de vantagem sobre o segundo colocado Salgueiro. A apuração foi acirrada até o penúltimo quesito, enredo, quando a vantagem foi ampliada. A escola de Nilópolis, na Baixada Fluminense, leva o seu 13º troféu. Seu último título havia sido em 2011, com o tema "Roberto Carlos: A simplicidade de um Rei".
Em 2014, a Beija-Flor havia terminado o desfile na sétima colocação e isso gerou uma série de protestos de seus dirigentes à Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio (Liesa), que é responsável pelo desfile.
fonte: DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário