Francisco Silva, o Foguinho, pronto para mais uma batalha

Microfone em punho, olhos voltados para o gramado e a busca incessante em transmitir as emoções que o futebol proporciona. É assim o velho guerreiro, Francisco de Assis Silva, o "Foguinho" em suas várias décadas de atividades no rádio esportivo com passagens por Fortaleza, Salvador e Petrolina, mas tendo Juazeiro do Norte – sua terra natal – como centro do maior tempo nas suas atividades. Trata-se de um dos maiores e mais respeitados nomes na história da crônica esportiva do Nordeste. Querido por onde passa pelos causos que conta e as amizades que soube cultivar, Foguinho conseguiu transformar em verdadeiro show de emoções grandes eventos esportivos e de difíceis condições de cobertura. Quando poucos acreditavam, levou o rádio do interior a estar presente no exterior transmitindo cinco Copas do Mundo, finais das Copas América e Mundial de Clubes. Mesmo sem falar outro idioma que não o português, lá estava "Fogo" com a cara e a coragem, características intrínsecas do seu profissionalismo. A sua inquietude não lhe deixa ficar em casa quando a bola ainda está rolando nos fins de temporada em decisões do Campeonato Brasileiro. Bagagem nas mãos, cinto afivelado e lá está novamente Foguinho dentro de aeronaves em busca do sul do país, a fim de relatar para nós outros o que se passa nas tardes de domingo nos gramados seja do Maracanã, Morumbi, Beira Rio ou Mineirão. Enganaram-se os que pensavam que os três AVCs (Acidentes Vasculares Cerebrais) lhe tomariam o microfone das mãos. Foi no leito de um hospital que, em 2005, por pouco não via o Icasa sagrar-se campeão estadual diante do Fortaleza. A dor de não poder estar presente no estádio Castelão certamente era maior do que as emanadas do velho coração, que a todo instante lhe pedia mais comprimidos e as atenções redobradas da equipe médica. Era como se ele quisesse dizer que percorreu o estado do Ceará a vida toda com as delegações de Icasa e Guarani sonhando um dia com a possibilidade do título e que seria doloroso que isso viesse a ocorrer distante dos seus olhos vigilantes e sua garganta ávida pelo grito de campeão junto com a torcida. O tempo que lhe sacrifica a visão, o faz caminhar com dificuldades e incomoda o seu coração não é o mesmo que vai lhe impedir de, mais uma vez, transmitir as emoções do Campeonato Cearense que começa neste domingo. E aí está novamente o velho guerreiro pronto para mais uma batalha.
(publicado no site miseria.com.br)