Notificados três novos casos de leishmaniose, conhecida também como calazar visceral neste município. Dois deles ocorreram na mesma residência, situada na ladeira do Tamanqueiro, acesso ao bairro do Seminário. O terceiro caso, considerado mais crítico, foi identificado na Rua Sagrada Família, transversal às proximidades. Trata-se de outra criança, com apenas 8 meses. Segundo sua bisavó, Socorro Veneranda, não está afastado o risco de morte, diante do grave estado de saúde do bebê. Ontem à tarde, a criança retornou ao Hospital São Francisco, para receber nova medicação.
Equipes técnicas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Prefeitura Municipal e Centro de Zoonoses estão realizando intensa campanha educativa nas áreas com notificação da doença.
A coordenadora regional de Saúde do Estado, Maria de Lourdes Alencar, esclarece que, apesar da concentração de casos numa mesma área, não está havendo epidemia. Ela chama a atenção para os cães que, segundo destaca, "são os principais hospedeiros do protozoário causador do calazar". O mosquito Lutzomyia longipalpis se alimenta dos animais infectados e, posteriormente, transmite a doença para animais sadios e para o ser humano.
O médico veterinário Ricardo Pierre adverte que os animais infectados, geralmente, apresentam emagrecimento, apatia, ferimentos no corpo, principalmente no focinho e na orelha, conjuntivite, diarréia e crescimento das unhas. Em qualquer suspeita, as pessoas devem ativar imediatamente o sistema de saúde para o recolhimento do animal.
O grande problema, segundo os técnicos do Centro de Zoonoses, é a reação do proprietário do animal. Geralmente, eles escondem o cachorro para não ser feito o exame de sorologia (diagnóstico e identificação de anticorpos e ou antígenos no soro). "O apego ao animal põe em risco as pessoas, principalmente crianças que convivem com os cachorros".
A leishmaniose visceral, segundo os técnicos, é a forma mais perigosa da doença. Se não for tratado, é fatal. Os sintomas incluem febre, perda de peso e crescimento anormal do baço e do fígado. Foram estes sintomas que levaram a dona de casa Ismênia Saraiva a levar a filha de apenas um ano ao médico, que diagnosticou a doença como calazar.
Dias depois, os mesmos sintomas foram apresentados na filha mais velha de Ismênia, de 7 anos. Ambas foram hospitalizadas e, segundo os médicos, não correm risco de morte, mas continuam tomando injeção de Glucantime, que é distribuída gratuitamente pelo Estado.
Este é o 6º caso de calazar registrado somente neste ano, no Crato. No ano passado, foram notificados 16 casos. A chefe do setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde do Crato, Lídia Feitosa, adverte que a situação é preocupante, mas está sob controle. "Todas as equipes da área de saúde estão mobilizadas na campanha", afirma ela.
O panfleto distribuído pelos técnicos adverte: "Esta é uma região com transmissão de calazar". Portanto, todo caso suspeito deve procurar atendimento nos Postos de Saúde. O tratamento é gratuito e deve ser iniciado o mais cedo possível. A expectativa dos técnicos é que a população se conscientize da gravidade da doença, ficando em alerta e fazendo a prevenção necessária.
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