quinta-feira, 7 de agosto de 2008

CRATO: CRIANÇAS SÃO ACOMETIDAS PELO CALAZAR

Notificados três novos casos de leishmaniose, conhecida também como calazar visceral neste município. Dois deles ocorreram na mesma residência, situada na ladeira do Tamanqueiro, acesso ao bairro do Seminário. O terceiro caso, considerado mais crítico, foi identificado na Rua Sagrada Família, transversal às proximidades. Trata-se de outra criança, com apenas 8 meses. Segundo sua bisavó, Socorro Veneranda, não está afastado o risco de morte, diante do grave estado de saúde do bebê. Ontem à tarde, a criança retornou ao Hospital São Francisco, para receber nova medicação.

Equipes técnicas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Prefeitura Municipal e Centro de Zoonoses estão realizando intensa campanha educativa nas áreas com notificação da doença.

A coordenadora regional de Saúde do Estado, Maria de Lourdes Alencar, esclarece que, apesar da concentração de casos numa mesma área, não está havendo epidemia. Ela chama a atenção para os cães que, segundo destaca, "são os principais hospedeiros do protozoário causador do calazar". O mosquito Lutzomyia longipalpis se alimenta dos animais infectados e, posteriormente, transmite a doença para animais sadios e para o ser humano.

O médico veterinário Ricardo Pierre adverte que os animais infectados, geralmente, apresentam emagrecimento, apatia, ferimentos no corpo, principalmente no focinho e na orelha, conjuntivite, diarréia e crescimento das unhas. Em qualquer suspeita, as pessoas devem ativar imediatamente o sistema de saúde para o recolhimento do animal.

O grande problema, segundo os técnicos do Centro de Zoonoses, é a reação do proprietário do animal. Geralmente, eles escondem o cachorro para não ser feito o exame de sorologia (diagnóstico e identificação de anticorpos e ou antígenos no soro). "O apego ao animal põe em risco as pessoas, principalmente crianças que convivem com os cachorros".

A leishmaniose visceral, segundo os técnicos, é a forma mais perigosa da doença. Se não for tratado, é fatal. Os sintomas incluem febre, perda de peso e crescimento anormal do baço e do fígado. Foram estes sintomas que levaram a dona de casa Ismênia Saraiva a levar a filha de apenas um ano ao médico, que diagnosticou a doença como calazar.

Dias depois, os mesmos sintomas foram apresentados na filha mais velha de Ismênia, de 7 anos. Ambas foram hospitalizadas e, segundo os médicos, não correm risco de morte, mas continuam tomando injeção de Glucantime, que é distribuída gratuitamente pelo Estado.

Este é o 6º caso de calazar registrado somente neste ano, no Crato. No ano passado, foram notificados 16 casos. A chefe do setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde do Crato, Lídia Feitosa, adverte que a situação é preocupante, mas está sob controle. "Todas as equipes da área de saúde estão mobilizadas na campanha", afirma ela.

O panfleto distribuído pelos técnicos adverte: "Esta é uma região com transmissão de calazar". Portanto, todo caso suspeito deve procurar atendimento nos Postos de Saúde. O tratamento é gratuito e deve ser iniciado o mais cedo possível. A expectativa dos técnicos é que a população se conscientize da gravidade da doença, ficando em alerta e fazendo a prevenção necessária.

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