O Brasil ganhou seu primeiro ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim. Na manhã deste sábado (horário chinês), o paulista César Cielo Filho venceu a disputa dos 50 metros livre ao cravar a marca de 21s30. É a primeira medalha dourada na história da natação brasileira na Olimpíada - até então, o País tinha três pratas e sete bronzes.
Natural de Santa Bárbaro d'Oeste, César Cielo chegou sem muitos holofotes em Pequim. A maior parte da imprensa brasileira focou a atenção no carioca Thiago Pereira, que havia conquistado seis medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos. Thiago deixou Pequim com um quarto lugar nos 200 metros medley como melhor resultado. Cielo acumulou duas medalhas.
Além do ouro nos 50 metros, a prova mais rápida da natação, o brasileiro levou o bronze nos 100 metros livre, a competição mais charmosa. Quando ficou em terceiro, Cielo foi superado pelo francês Alain Bernard e pelo australiano Eamon Sullivan. Nos 50 metros, o paulista deu o troco e venceu os dois com sobra - até então, Sullivan era o dono do recorde mundial, com 21s28.
Cielo, que tem o ritual de dar tapas no peito antes de pular na piscina (para "despertar"), teve uma evolução fantástica em Pequim. Durante as semifinais dos 100 metros, o brasileiro chegou a pensar que havia ficado de fora da final, pois não tinha marcado um bom tempo (48s16). No entanto, o nadador entrou na oitava e última vaga e foi para decisão, onde levou o bronze com 47s67.
Depois de conquistar a primeira medalha, o nadador de 21 anos se encheu de entusiasmo e disse que "ganharia o ouro nos 50 metros". Muitos riram dele. Mas foi com esta confiança que Cielo bateu o recorde olímpico por duas vezes durante as eliminatórias. Na decisão, o "desconhecido" Cielo já chamava a atenção da imprensa mundial e dos adversários, que nada puderam fazer para impedi-lo de triunfar.
César Cielo mora e estuda nos Estados Unidos, na Universidade de Aurbun. Thiago Pereira e Kaio Márcio (nado borboleta), que eram as grandes esperanças do Brasil em Pequim, moram e treinam no País. Não é por acaso que os norte-americanos dominam a natação mundial e produzem "atletas perfeitos" como Michael Phelps. O técnico de Cielo nos EUA, o australiano Brett Hawke, já havia alertado que o brasileiro seria o homem mais rápido do mundo.
As provas no Cubo D'Água em Pequim terão continuidade neste domingo (noite de sábado no Brasil). A natação brasileira encerrou a sua participação com Cielo. O único destaque, agora, será Michael Phelps, que tentará ganhar o oitavo ouro no revezamento 4 x 100 metros medley para superar o recorde do também norte-americano Mark Spitz, que levou sete medalhas douradas nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972.
Agência Estado
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