ADVOGADOS DENUNCIAM TORTURA EM CAMPOS SALES

Os advogados Francisco Costa Torres Júnior e Valdeci Leite encaminharam documentos ao Jornal do Cariri denunciando uma quadrilha formada por policiais militares, especializada em torturas e crimes na cidade de Campos Sales. De acordo com os advogados, os acusados são o ex-comandante da Polícia Militar de Campos Sales, Major Jair Queiroz Matias, o sargento Paulo César, o cabo Francicleudo Bento, e os policiais militares Arlindo, B. Silva, Airton, Cláudio Roberto, Márcio Gomes e Alan Vieira.

A denúncia dos advogados já foi encaminhada à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS), ao Ministério Público, à Assembléia Legislativa do Estado, Tribunal de Justiça, Ordem dos Advogados do Brasil, Subsecção do Ceará, e ao centro de Controle Externo da Atividade Policial (corregedoria da PM).
A acusação aponta que policiais militares, sob o comando do Major Jair Queiroz teriam praticado crime de abuso de autoridade, tortura, seqüestro e racismo contra moradores de Campos Sales. Os policiais são acusados de seqüestrar pessoas, agredir física e moralmente, com utilização de paus, chutes, sacos e muita pressão psicológica.

Um dos casos aconteceu contra um preso identificado pelo nome de “Maguila”, recolhido à cadeia pública da cidade. O preso, segundo familiares da vítima, foi torturado e sofreu empalação com o objetivo de confessar um crime de tráfico de entorpecentes. Sem provas, os policiais preferiram partir para a tortura.Um outro caso, foi o de Francisco Ossiscleci Nunes, que foi agredido por policias em um distrito de Campos Sales, para que o acusado dissesse onde tinha guardado armas.

O promotor de Justiça Walter Silva Pinto Filho, Coordenador do Centro de Controle Externo da Atividade Policial, tomou conhecimento do fato e tendo como base denúncias feitas, pediu o afastamento do Major do destacamento ao secretário de Segurança Pública Roberto Monteiro. Em documento datado de 26 de fevereiro deste ano, o secretário Roberto Monteiro comunicou ao promotor Silva Pinto a transferência do Major e a instauração de uma sindicância para apurar de forma mais detalhada todas as denúncias. O pedido de afastamento do Major foi reforçado pela Câmara Municipal da cidade, que enviou um ofício fazendo o pedido ao secretário Roberto Monteiro.

O advogado Costa Torres avisa ainda que os outros policiais também já foram afastados para destacamentos de cidades vizinhas, mas andam nas ruas de Campos Sales armados, quando estão fora de serviço. O advogado declara que as famílias dos torturados e os advogados estão sendo ameaçados e correndo risco de morte.

Costa Torres diz ainda que quando investigava o caso de tortura contra Maguila e Ossiscleci, chegou às suas mãos, de forma anônima, um relatório com uma série de denúncias contra os policiais. Essas denúncias foram entregues ao juiz Adriano Pontes e ao promotor de Justiça José de Deus Martins, além de serem enviados às autoridades estaduais.

Em entrevista ao JC o advogado Costa Torres denunciou que o Major e os policiais que seguiram suas ordens estão respondendo por 13 ações criminais, e instalaram em Campos Sales um clima de terror. “Em 90 dias que esteve no comando, o Major Jair Queiroz cometeu mais crimes que toda a história da 4ª Companhia, e instalou um grupo de policiais bandidos semelhante ao grupo de extermínio desbaratado recentemente em Fortaleza” , afirmou.

A reportagem do JC tentou falar com o juiz Adriano Pontes e o promotor de Justiça José de Deus Martins, da comarca de Campos Sales, mas não conseguiu. O Major Jair também não foi encontrado pela nossa reportagem.

Jornal do Cariri