sábado, 7 de fevereiro de 2015

A seca e o Cariri

Leia editorial do Jornal do Cariri sobre a seca no Cariri.


Um dos orgulhos do Cariri é ser um oásis em meio ao sertão. Abençoado pela Chapada do Araripe, por um solo antigo e por reservas subterrâneas de água mineral, a região tem sistematicamente destruído seu meio-ambiente nos últimos 40 anos, com especial aumento desse processo nas duas décadas passadas. O comprometimento das condições ecológicas refletir-se-á de modo inequívoco na oferta de água, cuja demanda é cada vez mais crescente.

Soma-se a esse trágico cenário a situação geral de seca no Nordeste e no Ceará. O Cariri será atingido direta ou indiretamente pela estiagem. A falta de água implicará o compartilhamento das reservas locais e o Estado do Ceará não adotou quaisquer medidas sérias para se preparar para esse problema, que já levou São Paulo a um estado próximo do colapso e também ameaça Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Não se pode esquecer também da situação dramática de milhares de agricultores, que perderão suas lavouras, ficarão como devedores de empréstimos públicos e ainda por cima terão de sofrer com a morte do gado, a fome e a miséria de seus familiares.

O Estado do Ceará, por meio do governador Camilo Santana e de seu secretariado, devem tomar medidas emergenciais para se impedir a desastrosa situação que se avizinha. Camilo, como filho do Cariri, não pode deixar que sua região responda sozinha por anos de incúria, de abandono e de falta de planejamento público em relação aos problemas hídricos.

Em pleno século XXI, a seca volta a atormentar os nordestinos. Desta vez, com a surpreendente companhia dos Estados ricos do Sul Maravilha. Essa realidade não ajuda, embora permita que outros brasileiros compreendam o que é a sina do nordestino, que convive desde cedo com as misérias da estiagem. Agora, as “vidas secas”, como diria o romancista alagoano Graciliano Ramos, serão conhecidas de todos, ricos e pobres, nortistas e sulistas.

O Cariri espera de seu governador e de seus prefeitos uma ação efetiva para se prevenir o desastre. Ficar em posição estática é alimentar uma história cujo final é de todos conhecido. Será possível conservar-se inerte diante de um prognóstico divulgado pelas autoridades e pelos especialistas em clima?

Os mais pobres e os desvalidos serão as primeiras vítimas da estiagem de 2015. A falta de água atrairá o mercado negro, o aviltamento das condições de saúde, o aumento de doenças e da criminalidade. Só governantes competentes e previdentes poderão fazer frente a esse cenário. Será que nós os possuímos?   

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