segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tem hora que dá para perder a esperança



Não gosto de sensacionalismo. Acredito até que a prática de evidenciar as desgraças humanas no jornalismo não contribuem com a boa informação. Prefiro uma linha mais sóbria. Possa até errar, mas penso assim. Mas não posso deixar de registrar com muita tristeza as cenas, as imagens fotográficas do pai ao lado do corpo do filho assassinado por um policial irresponsável do ronda do quarteirão, em Fortaleza.

Imagens fortes que, para lá do sensacionalismo, devem nos fazer refletir, pensar. A violência é um fato do nosso cotidiano e é produto de uma sociedade cheia de seqüelas, deformações e pela ausência, em muitos casos de bom senso.A violência vem se tornando gratuita, sem motivações, ela existe como um fator alienador e coloca em xeque a sociedade civil, as pessoas de forma geral.

A cena em questão, o desespero do pai, tem que ser algo motivador para a sociedade se mobilizar, questionar mais os poderes públicos, seja estado, união ou município.
A sociedade não pode mais se calar diante dos casos de violência, da impunidade e da inoperância dos governos e principalmente, dos políticos. Ah, os políticos, a maioria, não todos, pouco ou nada fazem contra a violência, preferindo optar por medidas paliativas, sem futuro e inexeqüíveis, muitas das decisões feitas apenas para chamar atenção.

E é importante que se fale dos órgãos policias. Muita gente está atuando apenas para aparecer nos espaços da mídia e esquecem seu trabalho fundamental de garantir as segurança das pessoas, ou seja, dos seres humanos, independente da classe social, cor, religião ou opção sexual.

É grave a violência. E mais grave ainda o nosso retumbante silêncio. A cena do pai abraçado ao filho me fez lembrar dos meus filhos. Todos três. Um já na universidade, dois pequenos. Não dá para sequer pensar em chegar perto de sentir o que aquele pai, nesse exato momento deve estar sentido. A perda, a importância de nada poder fazer, o desespero, a amargura, a total falência da crença no possível. Perdeu seu filho, um filho amado, um filho que estava ao seu lado, e por poucos centímetros de distância, que se transformaram em quilômetros de total desamparo.

Esse é um exemplo difícil, mas que a sociedade não vai aprender. Nada deve acontecer. As punições serão leves, a impunidade vai ser o resultado provável disso tudo. E ficaremos mais uma vez calados, sem nada fazer, apenas sonhando em algo melhor. Que esse pai seja o símbolo de todo o nosso sofrimento, e que a partir de agora cosias mudem. Não acredito muito em mudanças, não que seja pessimista, pelo contrário, sou um otimista de carteirinha, mas há determinados momentos que dá para perder a fé nas coisas.

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