quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Saudosismo no 84º Oscar do cinema


O saudosismo frente ao cinema dá a tônica do 84º Oscar. Se de um lado O artista, de Michel Hazanavicius, resgata o básico do cinema – apresentando um longa mudo e em preto e branco em pleno século XXI –, Martin Scorsese é quem lidera a corrida das indicações em 11 categorias com A invenção de Hugo Cabret, que se passa em 1930 e lança luz à história de uma criança que vive entre as paredes da estação de trens de Paris.

Os indicados ao principal prêmio da indústria cinematográfica foram anunciados ontem pela manhã e inclui também entre os favoritos o longa Os descendentes, de Alexander Payne, indicado em seis categorias.

Hugo e O artista concorrem entre si em sete categorias: melhor filme, direção, fotografia, direção de arte, figurino, montagem e trilha sonora original. O longa de Scorsese, porém, toma a dianteira com candidaturas técnicas de edição e montagem de som, além de efeitos visuais e roteiro adaptado. Completa a lista de O artista as candidatura a roteiro adaptado e pelas atuações de Jean Dujardin a melhor ator e Berenice Bejo a melhor atriz coadjuvante.

Além de O artista, A invenção de Hugo Cabret e Os descendentes, outros seis longas foram indicados a melhor filme – um candidato ao menos que o limite máximo. Cavalo de guerra, de Steven Spielberg, Meia-noite em Paris, de Woody Allen, Histórias cruzadas, de Tate Taylor e O homem que mudou o jogo, de Banett Miller além dos esnobados do Globo de Ouro Árvore da vida, de Terrence Malick e Tão alto e tão forte, de Stephen Daldry.

Vencedor do Globo de Ouro de Melhor ator – Drama, George Clooney volta a concorrer por sua atuação em Os descendentes com o amigo Brad Pitt, por O homem que mudou o jogo. Outro concorrente de peso é o francês Jean Dujardin, de O artista, com quem Clooney não concorreu no outro prêmio, já que este divide a premiação por gêneros. Os outros candidatos foram surpresas. Gary Oldman foi lembrado pela atuação no cerebral O espião que sabia demais e o mexicano Demián Bichir foi reverenciado por sua atuação em A better life.

Entre as atrizes, apenas Tilda Swinton, de Precisamos falar sobre o Kevin não converteu sua indicação a melhor atriz – Drama em indicação ao Oscar, sendo substituída pela vencedora entre musicais e comédias Michelle Williamas (por My week with Marylin). As outras indicadas são Meryl Streep, vencedora do Globo de Ouro por A dama de ferro, Glenn Close, por Albert Nobbs, Viola Davis, por Histórias Cruzadas e Rooney Mara, por Os homens que não amavam as mulheres.

Fã de carteirinha do Oscar – daqueles que não perdem a premiação por nada no mundo, o ator e jornalista Pedro Guimarães se surpreendeu tanto positiva, quanto negativamente. “Entre as boas, estão Gary Oldman e o grande Max von Sydow lembrado por Tão Longe, Tão Perto entre os coadjuvantes. Surpresa ruim mesmo, acho que apenas a ausência de As Aventuras de Tintim entre as animações e a Rooney Mara “roubar” o lugar que eu esperava ser da Tilda Swinton entre as atrizes”, aponta. Já o publicitário Darwin Marinho aponta para uma cerimônia fraca e sem grandes surpresas. “Eu adoraria ver a Tilda Swinton e Melancolia entre os indicados, mas vou ter que me contentar com o Woody Allen, Meryl Streep e só imaginar como seria o discurso do Lars Von Trier caso ele ganhasse melhor diretor (mas todo mundo sabe que seria impossível)”, diz.

A não indicação de As aventuras de Tintim, de Spielberg, é outra surpresa, mas que talvez tenha uma explicação que vá além da qualidade técnica. A Academia vem mostrando uma tendência a não considerar longas filmados na técnica de motion capture (em que atores reais tem seus movimentos captados e transformados em desenho) como animações, o que desclassificaria automaticamente Tintim. Destaca-se também Harry Potter e as relíquias da morte parte 2, último capítulo da saga do bruxinho e que foi lembrado em três categorias (direção de arte, maquiagem e efeitos visuais).


fonte: jornal O Povo

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