sábado, 27 de outubro de 2012

Pobreza prejudica diversidade de vínculos sociais

A despeito da convicção de que comunidades mais pobres geram laços mais fortes entre seus integrantes, alguém que vive na periferia e com condição econômica ruim tem mais dificuldade também em manter relacionamentos sociais duradouros fora da família e da vizinhança – além de ter acesso a um círculo menos diversificado de pessoas.

A análise faz parte do estudo Redes sociais, sociabilidade e segregação, desenvolvido pelo professor Eduardo Cesar Leão Marques, no Centro de Estudos da Metrópole (CEM), grupo interinstitucional do qual faz parte a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

“As redes sociais são conjuntos articulados de relações que pessoas e entidades têm com outras pessoas e entidades, e que se cristalizam em interações mais duradouras”, explica o pesquisador do CEM. “É um método de analisar a sociedade”, completa.

A pesquisa de Marques, realizada entre 2006 e 2011, deu continuidade a estudo anterior, desenvolvido de 2000 a 2005, que fazia uma conexão entre pobreza e segregação sócio-espacial na cidade de São Paulo. Como produto final, foi publicado o livro São Paulo: Segregação, Pobreza e Desigualdade Social (Senac Editora, 2004), que mostra como em São Paulo a pobreza tem uma dimensão territorial, e está fortemente associada à segregação.

“Pessoas em iguais condições, mas posicionadas diferentemente em relação à divisão sócio-espacial, têm um ‘futuro’ diferente, considerando-se indicadores de desemprego, da probabilidade de sofrer uma morte violenta, de gravidez na adolescência e de agravos de saúde”, relata o pesquisador.

A hipótese estabelecida, segundo Marques, era a de haver uma ligação entre separação territorial e isolamento social. “As pessoas segregadas teriam menos contatos com outros grupos sociais e, portanto, menos acesso a oportunidades, serviços, informação e repertório cultural”. Tal explicação, porém, não parecia suficiente. “Essas pessoas poderiam estar separadas territorialmente, mas conectadas por redes que ultrapassam a questão do espaço”, pondera. A busca então, se voltou a entender as redes sociais e suas consequências para a mobilidade social.

Jornal  O Povo 

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