quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Senhores empresários (?) da comunicação, por favor, mais respeito para com os radialistas – Por Beto Fernandes

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Pelo título dá para saber que vou tratar um pouco sobre o episódio da demissão da radialista Silene Santos da Rádio Vale FM de Juazeiro do Norte na última terça-feira à tarde.
 
Em sua página de Facebook, Silene Santos foi taxativa ao dizer que sua demissão ocorreu por sua opção em votar no candidato Manoel Raimundo de Santana Neto (PT) e não em Raimundo Antonio de Macedo, coincidentemente, dono da emissora. Leiamos o que ela disse: “NO FINAL DESTA TARDE (sexta-feira) FUI "DEMITIDA" da Rádio Vale FM da qual trabalhei por muitos anos pelo seu proprietário MAURO MACÊDO (Filho do DR. RAIMUNDO MACÊDO). O MESMO ME FALOU COM TODAS AS LETRAS QUE O MOTIVO DA MINHA DEMISSÃO FOI PELO SIMPLES FATO DE EU TER APOIADO Dr Santana Neto nas últimas eleições. INFELIZMENTE FUI VÍTIMA DE 'PERSEGUIÇÃO POLÍTICA". E ME ENTRISTECE PELO FATO DE QUE NÃO PODEMOS TER A LIBERDADE DE ESCOLHER O QUE QUEREMOS E SERMOS (Sic) OBRIGADOS A VOTAR NELES SENÃO, "RUA" ... SE FIZERAM ISSO COM FUNCIONÁRIOS DE MITOS ANOS EM SUA EMPRESA, IMAGINEM O QUE NÃO FARÃO COM A POPULAÇAO, MÁS NÃO VOU BAIXAR A CABEÇA E VOU CORRER ATRÁS DOS MEUS DIREITOS!!!!!”.

  É lamentável que este fato continue ocorrendo com tanta frequência neste país. Os radialistas e profissionais de imprensa de uma forma geral são desrespeitados e sequer podem democraticamente ter a opção de votar em quem considerarem melhor para governar os destinos de um município.
  É como se o profissional fosse contratado e tivesse a obrigação de votar no dono da emissora ou em quem este venha a apoiar como se a cidade fosse um curral eleitoral. Quanta arrogância e prepotência. O profissional é pago para exercer a sua função. No contrato ou na carteira profissional não há nenhuma cláusula que obrigue o voto.
             
  Até quando vamos verificar esse tipo de coisa? Sei que algum amigo leitor pode argumentar: Beto, que patrão queria um funcionário lhe sendo opositor? Contra-argumento: O patrão precisa saber diferenciar o seu lado político e empresarial. Um radialista, quando contratado, deve com habilidade, competência e responsabilidade exercer as atividades para as quais foi contratado. Ele é pago para fazer um trabalho técnico e não político.
 Como disse em um comentário numa rede social, esse episódio serve para confirmar o que todos sabem de um longo tempo: Não há imprensa livre neste país. O erro começa já na concessão com empresários/políticos confundindo a pública com a privada. Temos comunicadores e profissionais de imprensa que posam de independentes, quando na verdade não o são. É por que não querem? Absolutamente. É porque não podem e só se mantêm no horário se a prioridade for o que interessar as direções administrativas e comerciais e não ao jornalístico e/ou principalmente do ouvinte.
  Um amigo chegou a questionar se eu não considerava errado o que fizeram com o comunicador Wilson Melo. Afirmo o que já disse em redes sociais: Em todo este tempo faço um desafio a qualquer um em encontrar uma linha, uma palavra, um termo que tenha sido escrito por mim, desqualificando o citado profissional de imprensa. Muito pelo contrário, em conversa com um colega comunicador disse que podem dizer o que quiserem dele, menos que não foi coerente ao não aceitar ficar na emissora de TV. Em tempo, que eu saiba, ele teria pedido para sair, diferente do que ocorreu com a Silene.
  Raimundo Macedo, prefeito eleito de Juazeiro do Norte, disse recentemente em uma entrevista: "Faremos um governo para todos. Sou prefeito de todos". Seu filho, Mauro Macedo, mostra que o discurso é um e a prática outra completamente diferente.
  Toda minha solidariedade a Silene Santos e a todos os radialistas vítimas deste tipo de atitude empresarial tirânica e covarde. Que Deus lhe fortaleça e lhe conceda novos e promissores horizontes profissionais. Poderiam perfeitamente tê-la dispensando antes ou durante o processo eleitoral, mas temeram a repercussão popular negativa já que criticavam o gestor municipal, sem provas, de que cargos comissionados seriam forçados a comparecer aos atos públicos. Os críticos de plantão só não entendiam que o cargo comissionado é uma colocação política e de confiança de um prefeito, diferente de uma colocação por concurso público ou numa empresa privada.
  Silene perde um emprego, é verdade. Pior seria perder o caráter. O seu, continua intacto e inabalável. Receba mais uma vez o meu tríplice, respeitoso, fraternal e verdadeiro abraço.
 
Senhores empresários/donos (?) de meios de comunicação. Tenham mais respeito para com seus ouvintes, telespectadores e leitores. Tenham mais respeito para com seus comunicadores. A rádio pode até ser de vocês, mas o dom de comunicar é nosso. 

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