Pelo título dá para saber que vou tratar um pouco sobre o episódio da demissão da radialista Silene Santos da Rádio Vale FM de Juazeiro do Norte na última terça-feira à tarde.
Em sua página de Facebook, Silene
Santos foi taxativa ao dizer que sua demissão ocorreu por sua opção em votar no
candidato Manoel Raimundo de Santana Neto (PT) e não em Raimundo Antonio de
Macedo, coincidentemente, dono da emissora. Leiamos o que ela disse: “NO FINAL DESTA TARDE (sexta-feira) FUI "DEMITIDA"
da Rádio Vale FM da qual trabalhei por muitos anos pelo seu proprietário MAURO
MACÊDO (Filho do DR. RAIMUNDO MACÊDO). O MESMO ME FALOU COM TODAS AS LETRAS QUE
O MOTIVO DA MINHA DEMISSÃO FOI PELO SIMPLES FATO DE EU TER APOIADO Dr Santana
Neto nas últimas eleições. INFELIZMENTE FUI VÍTIMA DE 'PERSEGUIÇÃO POLÍTICA".
E ME ENTRISTECE PELO FATO DE QUE NÃO PODEMOS TER A LIBERDADE DE ESCOLHER O QUE
QUEREMOS E SERMOS (Sic) OBRIGADOS A VOTAR NELES SENÃO, "RUA" ... SE
FIZERAM ISSO COM FUNCIONÁRIOS DE MITOS ANOS EM SUA EMPRESA, IMAGINEM O QUE NÃO
FARÃO COM A POPULAÇAO, MÁS NÃO VOU
BAIXAR A CABEÇA E VOU CORRER ATRÁS DOS MEUS DIREITOS!!!!!”.
É lamentável que este fato continue
ocorrendo com tanta frequência neste país. Os radialistas e profissionais de
imprensa de uma forma geral são desrespeitados e sequer podem democraticamente
ter a opção de votar em quem considerarem melhor para governar os destinos de
um município.
É como se o profissional fosse
contratado e tivesse a obrigação de votar no dono da emissora ou em quem este
venha a apoiar como se a cidade fosse um curral eleitoral. Quanta arrogância e
prepotência. O profissional é pago para exercer a sua função. No contrato ou na
carteira profissional não há nenhuma cláusula que obrigue o voto.
Recordo que em 27 de outubro de 2008
escrevi a respeito da saída
do ótimo comunicador Demontier Tenório da emissora em que além de radialista
era também diretor. Já em 20 de outubro de 2010 escrevi sobre a
saída do conceituado João Hilário da Rádio Tempo FM.
Até quando vamos verificar esse tipo
de coisa? Sei que algum amigo leitor pode argumentar: Beto, que patrão queria
um funcionário lhe sendo opositor? Contra-argumento: O patrão precisa saber
diferenciar o seu lado político e empresarial. Um radialista, quando
contratado, deve com habilidade, competência e responsabilidade exercer as
atividades para as quais foi contratado. Ele é pago para fazer um trabalho
técnico e não político.
Como disse em um comentário numa
rede social, esse
episódio serve para confirmar o que todos sabem de um longo tempo: Não há
imprensa livre neste país. O erro começa já na concessão com
empresários/políticos confundindo a pública com a privada. Temos comunicadores
e profissionais de imprensa que posam de independentes, quando na verdade não o
são. É por que não querem? Absolutamente. É porque não podem e só se mantêm no
horário se a prioridade for o que interessar as direções administrativas e
comerciais e não ao jornalístico e/ou principalmente do ouvinte.
Um amigo chegou a questionar se eu
não considerava errado o que fizeram com o comunicador Wilson Melo. Afirmo o
que já disse em redes sociais: Em todo este tempo faço um desafio a qualquer um
em encontrar uma linha, uma palavra, um termo que tenha sido escrito por mim,
desqualificando o citado profissional de imprensa. Muito pelo contrário, em
conversa com um colega comunicador disse que podem dizer o que quiserem dele,
menos que não foi coerente ao não aceitar ficar na emissora de TV. Em tempo,
que eu saiba, ele teria pedido para sair, diferente do que ocorreu com a
Silene.
Raimundo Macedo, prefeito eleito de Juazeiro
do Norte, disse recentemente em uma entrevista: "Faremos um governo para
todos. Sou prefeito de todos". Seu filho, Mauro Macedo, mostra que o
discurso é um e a prática outra completamente diferente.
Toda minha solidariedade a Silene
Santos e a todos os radialistas vítimas deste tipo de atitude empresarial
tirânica e covarde. Que Deus lhe fortaleça e lhe conceda novos e promissores
horizontes profissionais. Poderiam perfeitamente tê-la dispensando antes ou
durante o processo eleitoral, mas temeram a repercussão popular negativa já que
criticavam o gestor municipal, sem provas, de que cargos comissionados seriam
forçados a comparecer aos atos públicos. Os críticos de plantão só não
entendiam que o cargo comissionado é uma colocação política e de confiança de
um prefeito, diferente de uma colocação por concurso público ou numa empresa
privada.
Senhores empresários/donos (?) de
meios de comunicação. Tenham mais respeito para com seus ouvintes,
telespectadores e leitores. Tenham mais respeito para com seus comunicadores. A
rádio pode até ser de vocês, mas o dom de comunicar é nosso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário