terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Cresce a incidência das doenças ligadas ao beijo durante o Carnaval

Muita gente reunida dançando, pulando, cantando, beijando. Boa parte da diversão do Carnaval vem do estar na companhia de várias pessoas em festas, desfiles de blocos de rua, shows. Mas o que faz da época uma das mais animadas do ano também pode significar risco para a saúde. Sem os devidos cuidados, os quatro dias de folia tornam-se um período de grande suscetibilidade à ocorrência de doenças variadas, desde as respiratórias até as sexualmente transmissíveis. Por isso, especialistas alertam para a necessidade de curtir o feriado sem deixar de lado precauções.
Segundo o infectologista Roberto da Justa, diretor do Hospital São José (HSJ), em Fortaleza, as grandes aglomerações em espaços restritos constituem um cenário bastante propício à disseminação de doenças infecciosas, em especial as de transmissão respiratória. Ele cita as tradicionais gripes e viroses a exemplo da varicela, mais conhecida como catapora, e o sarampo, enfermidade que o Ceará continua vivenciando um surto. "Nesses casos, é importante que as pessoas procurem se proteger por meio das vacinas, e aqueles que estiverem doentes devem evitar pular Carnaval para não piorar nem transmitir a doença para outras pessoas", diz o médico.
Festas
O infectologista afirma que, logo após o Carnaval, é comum o aumento do número de atendimentos relacionados às famosas "doenças do beijo". Entre adolescentes e jovens, explica o diretor do HSJ, o hábito de beijar várias pessoas em uma mesma festa favorece o contágio pelos vírus da mononucleose e da herpes. Conforme ele, as duas infecções são de difícil controle, pois não há medicamentos preventivos e, muitas vezes, as pessoas contaminadas não sabem que contraíram o vírus. "Como ambas são transmitidas por meio de secreções orais, até o contato com objetos como copos e batons pode ser perigoso. O ideal é que as pessoas se divirtam, mas sem perder a responsabilidade", diz Roberto da Justa.
É justamente a falta de prevenção durante o Carnaval a principal causa da maioria das doenças, inclusive as sexualmente transmissíveis. Segundo Fabiana Sales, coordenadora da Área Técnica de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o consumo abusivo de álcool e outras drogas, o não uso de preservativo e a confiança de que não se contrai DSTs em uma relação sexual casual são fatores que contribuem para maior exposição de foliões.
Testes
Doenças como Aids, gonorreia, clamídia, hepatites B e C, HPV e sífilis estão associadas às práticas sexuais sem uso de preservativo. Quando o feriadão termina, Fabiana diz que a procura por testes rápidos para enfermidades do tipo aumentam cerca de 30% no Centro de Testagem e Aconselhamento Carlos Ribeiro. A unidade disponibiliza testes para Aids, hepatites e sífilis com diagnóstico no mesmo dia e encaminhamento para atendimento em centros de saúde.
Segundo ela, algumas doenças, como hepatite B, gonorreia e clamídia são mais contagiosas que outras, mas todas requerem igual atenção. "A camisinha ou preservativo continua sendo o método mais eficaz para prevenir muitas doenças sexualmente transmissíveis, além de evitar uma gravidez não planejada. Homens e mulheres em qualquer idade, heterossexuais, homossexuais ou bissexuais, devem ter camisinha sempre à mão", destaca a coordenadora.
SAIBA MAIS
Sarampo
Além de secreções respiratórias ou da boca, é transmitido por meio da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar no ambiente, em especial locais fechados
Varicela (Catapora)
A transmissão do vírus acontece por contato direto com a saliva ou secreções respiratórias da pessoa infectada
Mononucleose
É transmitida por meio do beijo do contato com secreções orais de uma pessoa contaminada
Herpes
É possível pegar herpes simples pelo contato direto com pessoas contaminadas, mesmo que estas não possuam lesões ativas causadas pela doença
Gonorreia, clamídia, HIV, hepatites A e B, sífilis
Dentre outras formas, podem ser transmitidas por meio de relações sexuais com pessoas infectadas sem o uso de preservativo, por contato direto com sangue contaminado.
Diário do Nordeste

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