Muita gente reunida dançando, pulando, cantando, beijando. Boa parte da diversão do Carnaval vem do estar na companhia de várias pessoas em festas, desfiles de blocos de rua, shows. Mas o que faz da época uma das mais animadas do ano também pode significar risco para a saúde. Sem os devidos cuidados, os quatro dias de folia tornam-se um período de grande suscetibilidade à ocorrência de doenças variadas, desde as respiratórias até as sexualmente transmissíveis. Por isso, especialistas alertam para a necessidade de curtir o feriado sem deixar de lado precauções.
Segundo o infectologista Roberto da Justa, diretor do Hospital São José (HSJ), em Fortaleza, as grandes aglomerações em espaços restritos constituem um cenário bastante propício à disseminação de doenças infecciosas, em especial as de transmissão respiratória. Ele cita as tradicionais gripes e viroses a exemplo da varicela, mais conhecida como catapora, e o sarampo, enfermidade que o Ceará continua vivenciando um surto. "Nesses casos, é importante que as pessoas procurem se proteger por meio das vacinas, e aqueles que estiverem doentes devem evitar pular Carnaval para não piorar nem transmitir a doença para outras pessoas", diz o médico.
Festas
O infectologista afirma que, logo após o Carnaval, é comum o aumento do número de atendimentos relacionados às famosas "doenças do beijo". Entre adolescentes e jovens, explica o diretor do HSJ, o hábito de beijar várias pessoas em uma mesma festa favorece o contágio pelos vírus da mononucleose e da herpes. Conforme ele, as duas infecções são de difícil controle, pois não há medicamentos preventivos e, muitas vezes, as pessoas contaminadas não sabem que contraíram o vírus. "Como ambas são transmitidas por meio de secreções orais, até o contato com objetos como copos e batons pode ser perigoso. O ideal é que as pessoas se divirtam, mas sem perder a responsabilidade", diz Roberto da Justa.
É justamente a falta de prevenção durante o Carnaval a principal causa da maioria das doenças, inclusive as sexualmente transmissíveis. Segundo Fabiana Sales, coordenadora da Área Técnica de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o consumo abusivo de álcool e outras drogas, o não uso de preservativo e a confiança de que não se contrai DSTs em uma relação sexual casual são fatores que contribuem para maior exposição de foliões.
Testes
Doenças como Aids, gonorreia, clamídia, hepatites B e C, HPV e sífilis estão associadas às práticas sexuais sem uso de preservativo. Quando o feriadão termina, Fabiana diz que a procura por testes rápidos para enfermidades do tipo aumentam cerca de 30% no Centro de Testagem e Aconselhamento Carlos Ribeiro. A unidade disponibiliza testes para Aids, hepatites e sífilis com diagnóstico no mesmo dia e encaminhamento para atendimento em centros de saúde.
Segundo ela, algumas doenças, como hepatite B, gonorreia e clamídia são mais contagiosas que outras, mas todas requerem igual atenção. "A camisinha ou preservativo continua sendo o método mais eficaz para prevenir muitas doenças sexualmente transmissíveis, além de evitar uma gravidez não planejada. Homens e mulheres em qualquer idade, heterossexuais, homossexuais ou bissexuais, devem ter camisinha sempre à mão", destaca a coordenadora.
SAIBA MAIS
Sarampo
Além de secreções respiratórias ou da boca, é transmitido por meio da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar no ambiente, em especial locais fechados
Varicela (Catapora)
A transmissão do vírus acontece por contato direto com a saliva ou secreções respiratórias da pessoa infectada
Mononucleose
É transmitida por meio do beijo do contato com secreções orais de uma pessoa contaminada
Herpes
É possível pegar herpes simples pelo contato direto com pessoas contaminadas, mesmo que estas não possuam lesões ativas causadas pela doença
Gonorreia, clamídia, HIV, hepatites A e B, sífilis
Dentre outras formas, podem ser transmitidas por meio de relações sexuais com pessoas infectadas sem o uso de preservativo, por contato direto com sangue contaminado.
Diário do Nordeste
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