quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Pecém poderá ter reúso da água e dessalinização

Há quatro anos vivendo mais uma grande seca, já apontada por muitos como semelhante a de 1915 - de cem anos atrás - , guardando as devidas proporções, o Ceará volta a se debruçar sobre o problema hídrico, em busca de soluções que amenizem ou retardem o risco iminente de colapso de água, em dezenas de municípios do Estado. Se antes, a falta d'água afetava apenas o homem do campo, hoje já começa a impactar nas sedes das cidades do Interior, com reflexos na vida urbana da Capital, bem como no setor produtivo.
Limitada à produção agrícola, sobretudo a irrigada; prejudicada a pecuária, reacende agora a luz amarela do setor industrial, notadamente dos grandes empreendimentos e dos projetos estruturantes em formatação no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
Com o avanço das obras da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e previsão de início das operações para o fim de 2015 e começo de 2016, o governo estadual traça um plano B para levar água para o Cipp. Segundo o secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, dois projetos específicos estão em estudo, dentro do macro programa de convivência com a seca, a ser apresentado pelo governador Camilo Santana nas próximas semanas.
Tecnologias disponíveis
Um projeto para instalação de uma planta de dessalinização da água do mar e outro de aproveitamento e transporte de água de reúso, originária do interceptor oceânico de Fortaleza para o Cipp. Na área de dessalinização, conversas começaram a ser feitas com empresas da Espanha e com representantes do governo de Israel, país detentor das mais avançadas tecnologias de aproveitamento hídrico do mundo.
Na manhã de ontem, Camilo Santana e o secretário receberam, no Palácio da Abolição, o Cônsul para Assuntos Econômicos de Israel no Brasil, Boaz Albaranes, e a assessora extraordinária para a Missão Região Nordeste, Sheila Golabek Sztutmam. Na pauta, a possibilidade de desenvolvimento de projetos emergenciais e de médio prazo para o convívio com a seca e de modernização da irrigação.
Na oportunidade, o Cônsul israelita apresentou um leque de empresas com quem o Governo do Ceará poderá buscar parcerias publico privadas e importar tecnologias e soluções nas áreas de reúso da água, de controle e redução de perdas, de aproveitamento hídrico, além de equipamentos de irrigação por gotejamento e até aparelhos móveis de tratamento de água. Segundo ele, em Israel, a perda, o desperdício de água varia de 2% a 7%, dependendo da região. Já no Ceará, esse índice é de 24%, em São Paulo, 37%, e a média mundial é 25%.
Diário do Nordeste

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