Recluso, com dedicação exclusiva à família, leituras e, por certo, estudando o projeto de futuro, sem qualquer discussão externa sobre política, nem mesmo com os seus mais próximos aliados, ficou Cid Gomes (PROS), ex-ministro da Educação e ex-governador do Ceará, em Fortaleza, desde quando entregou o cargo de ministro, após a sessão da sua tumultuada convocação para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados, no último dia 18, em razão de sua afirmação da existência de uns "400, 300 achacadores", naquela Casa do Congresso Nacional.
Até agora, os amigos mais próximos estão respeitando o seu retiro, necessário não só para o descanso que ele reclamava antes de ser ministro, mas, importante para arquitetar os projetos de futuro, diante do enquadramento sofrido, no cenário nacional, por conta da saída do Ministério e do fim das facilidades de criação de novos partidos, uma das pretensões do ex-governador com o objetivo de fortalecer a base de apoio da presidente Dilma, enfraquecendo o PMDB, além de ter segurança partidária para suas futuras disputas locais ou nacional.
Contemplados
É incomum a posição do ex-ministro Cid no Governo Federal. Ele saiu do ministério, em que não deveria ter entrado, por questões alheias à sua gestão na Pasta da Educação, portanto, não incompatibilizado com a presidente, mas com o PMDB, parte do ajuntamento político da coalização; porém, embora continuando aliado de Dilma do seu mandato deverá ficar distante, para o bem de ambos, pelo menos durante um certo tempo, frustrando a muito dos companheiros de jornada política, que esperavam ser contemplados, como os correligionários dos outros grupos governistas, com posições na administração Central.
E o que fazer diante dessa realidade? Ele próprio talvez ainda não tenha decidido. As próximas eleições a disputar serão em 2018, e o Senado é o primeiro projeto, em dobradinha com o governador Camilo Santana, continuando a situação até mesmo como está hoje. Porém, para chegar até lá os espaços precisam ser ocupados, agora também dividido com a vida privada. Há quem defenda uma investida sua no cenário nacional, aproveitando o discurso forte proferido na Câmara dos Deputados, motivador da sua exoneração do Ministério da Educação.
Não está descartada, também, uma temporada fora do Brasil. Agora, não mais para trabalhar no Banco Mundial, pois isso dependeria do Governo Federal e, por razões óbvias, descartam de imediato, mas para estudos, até acalmar o clima de ebulição da política nacional, onde pretende se inserir mais fortemente. Para a política do Ceará, a perspectiva é de que ele dedique mais tempo apenas na metade do próximo ano, para ajudar o seu grupo na disputa por prefeituras, a partir da de Fortaleza, com a postulação do prefeito Roberto Cláudio à sucessão.
Livres
Hoje, mais do que antes, integrantes do grupo do ex-governador sentem a falta de uma segurança partidária. O PROS, quando Cid administrando o Ceará e até ministro da Educação, chegou a causar algumas dificuldades aos interesses políticos dos seus acompanhantes cearenses, sugerindo a se admitir mais turbulências e preocupação com a posição dos dirigentes nacionais da sigla no momento de definição de confirmação de legendas para os candidatos do próximo pleito, e mais ainda do seguinte, nas eleições nacionais e estaduais, de interesse maior do ex-governador.
Cid e Ciro, sem mandatos, estão livres para ingressarem em qualquer dos atuais partidos, menos o PMDB, lógico. Os detentores de mandatos não executivos já não têm a mesma liberdade. Estimular uma fusão de partidos como pretendia, ou criar uma nova legenda, também nos planos, a partir de agora está bem mais difícil pelas novas regras criadas, diretamente para atingir os cearenses e o projeto do ministro das Cidades Gilberto Kassab, idealizador da ressuscitação do PL, talvez salvo pelo pedido de registro dos seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um dia antes da sanção da lei.
DN
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