terça-feira, 24 de maio de 2016

Produtores cobram ações para fortalecer produção de leite no Cariri

Detentora da quarta maior exposição agropecuária do Brasil, a (Expocrato), nas últimas décadas a região do Cariri perdendo espaço na escala de produção de leite bovino no estado. Um dos principais fatores está associado a ausência de tecnologia, principalmente para os pequenos produtores que, em sua maioria, têm abandonado a atividade.

 Alguns criadores expõem que outro agravante é a indefinição sobre a real vocação da região, se é propícia para corte ou produção de leite. Um agropecuarista que não quis se identificar contou que a falta de assistência técnica, de controle leiteiro e de um manejo correto associados com a baixa utilização de inseminação artificial, o alto custo dos reprodutores e de medicamentos são algumas das razões responsáveis pela baixa produtividade do rebanho leiteiro. 

Segundo ele, os animais são mantidos em pastagens continuas sem reposição de nutrientes e a falta de chuvas provoca menor produção das forrageiras resultando na baixa cultura de leite. Já para o pecuarista cratense Yarlei Brito, o Cariri está mais vocacionado para a produção de leite, contando o exemplo dos criadores de Porteiras e Brejo Santo, que são os dois municípios com maior produtividade leiteira da região, onde os pecuaristas têm a melhor média de produção por hectare e estão dentro dos padrões nacionais. Em sua opinião o produtor de leite bovino do Cariri precisa ter acesso a tecnologias a custos baixos para que possa se fortalecer e enfrentar as complexidades do mercado. 

O Crato tem a maior área rural do Cariri e possui um rebanho de 24 mil cabeças de gado. Doze mil são fêmeas, e dessas, somente seis mil são lactantes e a outra metade são novilhas solteiras. “O rebanho leiteiro no município produz em mé- dia oito mil litros por dia. Essa produção poderia ser, dobrada, caso houvesse garantias tecnológicas, principalmente do ponto de vista alimentar dos animais”. A declaração é de Raimundo Cisnando Vieira, especialista em nutrição animal. Ele conta que a produção de cada animal é determinada pela sua genética e ambiente. Se for alimentado em demasia não produzirá mais leite do que sua capacidade permite, daí a necessidade de uma alimentação balanceada, revela o especialista. 

Para o secretário de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Dedé Teixeira, a bacia leiteira do Cariri precisa ser incentivada com o melhoramento do rebanho, apoio das prefeituras, órgãos ligados a agropecuária, adesão aos projetos governamentais e linhas de crédito específicas para o setor. Todas essas medidas, disse ele, estão sendo pensadas pela SDA e que nos próximos meses vai ser feita uma força tarefa na região na tentativa de ouvir o setor e daí a implementação do que for necessário para deixar a região em igualdade ao Sertão Central e Vale do Jaguaribe que são as duas maiores bacias leiteiras do estado. Conforme Dedé Teixeira, o Instituto Agropolos está enviando ao Cariri alguns técnicos para desenvolver planos e negócios na área de produção de lacticínios financiados pelo projeto São José, explorando a estrutura logística que a região já dispõe e que, somando aos esforços dos governos estadual e municipais, institui- ções de classe que defendem os interesses setoriais e as associações de criadores, juntamente com os agropecuaristas, a região vai ter em curto prazo uma das maiores bacias leiteiras do estado do Ceará, garante o secretário Dedé Teixeira. 

- Jornal do Cariri

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