"A confirmação do golpe, com a anuência vergonhosa de 61 senadores, rasga a Constituição Brasileira, cassa o voto de 54,5 milhões de brasileiros e fere de morte a democracia". A avaliação é do deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), que denunciou desde o começo do processo os reais motivos do golpe e os verdadeiros interesses de quem desejava tomar o poder, sem passar pelo voto popular.
"O lamentável quadro que vemos neste momento provoca no Brasil um atraso de décadas, cassa na verdade os votos dos brasileiros que decidiram livremente na eleição de 2014 e desrespeita todos que lutaram pela democracia e pelo fim da ditadura civil-militar que nos oprimiu durante longos 21 anos", aponta Chico Lopes, que foi aplaudido por brasileiros de todos os estados ao denunciar, na votação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, a hipocrisia dos "bons pais de família", "bons maridos", que votaram falando na família e "em nome de Deus".
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"Todos sabem, porque ao longo desses dias ficou ainda mais claro, que não houve crime de responsabilidade. Houve tão somente um pretexto encontrado por uma estrutura sofisticada, que tramou esse golpe desde o início, chegando inclusive a mudar de forma casuística decisões de cortes de contas. Tudo porque um grupo que não tem escrúpulos, muito menos respeito pela Constituição, não aceitou a derrota nas urnas de 2014 e quis chegar ao poder sem disputar a eleição de 2018", acrescenta o deputado cearense.
Sob os olhos do mundo
"A comunidade internacional reconhece que se trata de um golpe, que faz o Brasil ser visto tristemente como uma república de bananas, incapaz de se manter em um período democrático, insensível ao voto direto de 54,5 milhões de pessoas, agora transformadas em cidadãos de segunda categoria, pois tiveram seu voto cassado", enfatiza Chico Lopes.
Julgamento da história será breve
"A história julgará, antes do que eles pensam, o comportamento desses golpistas, reservando a eles a lata de lixo. É fácil hoje fazer discurso condenando o golpe civil-militar de 1964, mas reproduzir a mesma prática em pleno 2016, cassando uma presidente e os votos dos brasileiros, sem qualquer justificativa legal", acrescenta Lopes.
"Cada um terá de responder aos seus filhos e netos de que lado estava neste momento. Não só os senadores, deputados, membros do Judiciário, do Ministério Público, da imprensa, mas todos os cidadãos. Cada um terá que explicar se apoiou o golpe, se omitiu ou lutou pela defesa da democracia e do voto direto dos brasileiros", ressalta.
Próximos passos
Para Chico Lopes, apesar do sentimento de indignação e do desalento pela quebra da democracia, continua de modo imediato a luta pela denúncia do golpe no País e em escala internacional, pela retomada de um Brasil democrático e contra a política neoliberal de quem exercerá o cargo de presidente, mesmo de forma ilegítima e conspiradora, sem respaldo do povo brasileiro.
"O povo exige a retomada da soberania do voto. É inadmissível que um presidente usurpador e sem voto dirija o País. Por isso é necessária a imediata convocação de um plebiscito e de eleições diretas já!", conclama Chico Lopes.
"Enquanto o Senado discutia o processo que levou ao golpe, na Câmara dos Deputados o ilegítimo Michel Temer já conseguiu aprovar, nestes dias, vários projetos extremamente graves, contrários aos direitos dos trabalhadores. A população brasileira vai acordar para essa realidade e não permitirá retrocessos nos seus direitos. O povo vai lutar contra a tentativa de entregar o Brasil às forças da elite nacional e estrangeira, que foi a verdadeira mão por trás desse golpe", aponta o deputado.
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