terça-feira, 29 de outubro de 2013

Cientistas e protetores divergem sobre o uso de animais em experimentos


Causou intensa comoção dentro e fora do Brasil o resgate dos 178 cães da raça Beagle, retirados do Instituto Royal no último dia 18, em São Roque, Estado de São Paulo. Após o ocorrido, o debate sobre a utilização de animais em testes de cosméticos e medicamentos ganhou força no país, na grande mídia e nas redes sociais. Se por um lado os ativistas repudiam a prática, por outro, alguns cientistas e pesquisadores reafirmam a importância de testar nos animais o que posteriormente será utilizado em seres humanos.

O resgate dos beagles, raça escolhida por ser dócil, foi feito por ativistas que acampavam em frente ao Instituto Royal para repudiar os testes com os animais e os maus-tratos sofridos pelos bichos durante as experiências. Isso ficou demonstrado quando se verificaram as irritações ao redor dos olhos, orelhas furadas, línguas cortadas e um ambiente sujo e impróprio para a permanência dos bichos.

De acordo com Tarcísio Palhano, assessor da presidência do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a utilização dos animais é feita sob rigorosos protocolos de pesquisa que envolvem aspectos éticos.
"Os animais são e ainda serão, por muito tempo, indispensáveis para experimentos de medicamentos ou novos fármacos, até porque os ensaios em método de experimentação são muito importantes para se encontrar luzes sobre determinada substância. Em relação a determinados órgãos, às vezes há semelhanças que favorecem pelo menos a extensão da informação ou pistas para que aquela informação não chegue nos experimentos em humanos do zero, mas se tenha algum dado, contudo nem sempre isso é perfeitamente extrapolado para o ser humano”, esclareceu em entrevista a Adital.

Como prova disso, Palhano lembrou o ocorrido na década de 50, quando o medicamento Talidomida provocou o nascimento de cerca de 15 mil crianças com má formação. O fármaco foi desenvolvido em um laboratório alemão com o objetivo de controlar as náuseas e a tensão, típicas dos primeiros meses de gravidez. A substância foi testada em animais, mas nada aconteceu nas fêmeas prenhas.
Geuza Leitão, presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa), associação civil mais antiga do Brasil, responsável pela instituição do Movimento de Proteção Animal no país em 1895, pensa de forma diferente. A defensora aponta que existem métodos alternativos ao uso de animais, sejam eles ratos, cachorros, gatos, macacos ou outros quaisquer.

"Hoje já existem métodos substitutivos, como a simulação computadorizada, experiências in vitro e uso de animais já mortos. Inclusive, alguns cientistas e pesquisadores assumem que a utilização de animais é um mito, mas também existe o grupo dos que afirmam que a medicina não evoluiria sem o uso dos animais. A verdade é que a experiência com animais é inútil, cruel e desnecessária”, garantiu.

O caso também motivou a criação e divulgação nas redes sociais de diversas listas com os nomes das empresas de cosméticos que usam ou não os animais em testes, para que as pessoas decidam de que lado querem ficar. Geuza explicou que é difícil dizer se essas informações são totalmente confiáveis.
"Certamente estas listas são feitas por protetores, mas é difícil dizer se estão corretas e atualizadas, pois algumas empresas, como a Avon, usavam animais para teste, depois deixaram de usar e recentemente retomaram a prática”, explicou.

A defensora também ressaltou que não apenas a indústria cosmética ou farmacêutica faz uso dos animais como cobaias para experiência. "Empresas produtoras de caneta, palha de aço, cigarro e material de limpeza são algumas das que usam animais para saber o efeito que seus produtos podem causar nos seres humanos”.

fonte: site da Adital 

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