sábado, 14 de maio de 2016

Mujica: impeachment tem cheiro de golpe de estado

O ex-presidente do Uruguai e atual senador José Mujica afirmou na noite desta quinta-feira (12/05) que o afastamento da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, “tem cheiro de golpe de Estado”.
“Por mais que a decisão tomada no Brasil seja legal, tudo não deixa de ter um cheiro de golpe de Estado, porque uma decisão popular expressada em votos foi alterada, não por assuntos penais, o que poderia se entender, mas por uma questão de má administração ou como queira chamar”, afirmou Mujica em entrevista à rádio uruguaia M24.
Mujica disse que o presidente em exercício do Brasil, Michel Temer, é “acusado e processado na Justiça”. Temer foi condenado no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) no início de maio a pagar uma multa de R$ 80 mil por ter feito uma doação na campanha eleitoral de 2014 acima do máximo permitido por lei. O presidente em exercício foi citado em depoimentos na Operação Lava Jato, conduzida pela Polícia Federal, mas não é formalmente investigado.
Para o ex-presidente uruguaio, a decisão do Congresso de afastar Dilma foi um “dramático remendo” e irá agravar os problemas econômicos do Brasil. Mujica também criticou as medidas de austeridade que deverão ser adotadas pelo governo e pelo novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
“A política de cortes, de diminuição de despesas, pelas razões que forem, não vou discuti-las, estão repercutindo nas despesas sociais e, naturalmente, no campo dos salários mais baixos, de piores receitas. Como sempre, os setores mais frágeis quando a economia se ressente são, em geral, os mais afetados, disse.
Mujica disse que os “40 milhões de pessoas que viviam em estado de pobreza” antes dos governos do PT serão os que mais sofrerão com a crise econômica. O ex-presidente do Uruguai citou a Argentina como exemplo de um país da região que mudou de governo e “multiplicou abruptamente” o número de pessoas pobres.
Mujica afirmou que o sistema político brasileiro “está doente” e defendeu a convocação de novas eleições por conta do “descrédito geral” na política do país.
- Site Brasil 247

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