domingo, 22 de maio de 2016

Um presidente interino encastelado e um governo sem rumo

Em dez dias de interinidade na presidência da República, Michel Temer ainda não travou contato com a população. Até agora, ele passou todo o tempo encastelado nos Palácios do Planalto e do Jaburu ou em seu escritório político, como fez neste sábado.
Dias atrás, ele pretendia comparecer ao velório do cantor Cauby Peixoto, mas deixou de comparecer temendo ser vaiado. Neste sábado, estava também prevista a inauguração de um trecho do VLT do Rio de Janeiro, mas Temer desistiu de ir e o evento foi adiado para 5 de junho.
O temor é um só: de que a estreia de Temer seja marcada por vaias gigantescas da população e gritos de "Fora, Temer", como se ouviu nos espaços ocupados do Ministério da Cultura e nas primeiras apresentações, neste sábado, da Virada Cultural, em São Paulo.
Numa situação oposta, a presidente afastada Dilma Rousseff recebeu o carinho da população na noite de ontem, em Belo Horizonte, quando 40 mil pessoas a saudaram aos gritos de "Volta, querida" – o que não foi exibido no Jornal Nacional, como se um ato desse porte, em apoio à presidente eleita, pudesse ser ignorado.
Nos próximos dias, Dilma deverá reforçar seu contato com a população. Ela avalia deixar a "prisão" do Palácio da Alvorada – onde suas visitas são controladas por uma barreira militar – e fazer coisas comuns do cotidiano, como ir às compras, ao cinema, a restaurantes e até sair para tomar um simples sorvete.
Temer, ao contrário, irá ao parlamento, discutir suas primeiras medidas econômicas, que não trarão nem a CPMF nem a reforma da Previdência.
Para se sustentar no poder, Temer necessita conquistar os votos de 54 senadores apenas – e não da população, que deu 54 milhões de votos à presidente Dilma. Mas, por mais que ele consiga se manter na presidência, não é um sustentável um modelo de governabilidade onde o soberano não se arrisca a colocar os pés na rua. Especialmente num país que está prestes a sediar os Jogos Olímpicos.
- Site Brasil 247


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