Um grupo de pessoas denuncia, em Mauriti, a 492 quilômetros de Fortaleza, que alguns dos beneficiados com casas populares no conjunto Manuel Martins, por meio do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH), já possuem casa própria e portanto não precisam da moradia. Os reclamantes questionam também que parte dos contemplados não se encaixa no perfil do programa, que exige que as pessoas possuam renda fixa de até R$ 740. Há ainda a denúncia de que, antes mesmo de receberem o benefício, algumas pessoas já teriam vendido, cedido ou alugado o imóvel. A seleção dos beneficiados foi realizada na gestão do ex-prefeito da cidade, Márcio Martins, e concluída este ano, na gestão do atual prefeito, Isaac Junior (PT).
Não satisfeitos com os critérios para doação das casas populares, o grupo de pessoas que não foram beneficiadas solicitou audiência pública, realizada no último dia 29 de abril, na sala da promotoria de Justiça do município. A audiência contou com a presença do promotor de Justiça da região, Ythalo Frota Loureiro, dos reclamantes, responsáveis pelo setor do PSH da Caixa Econômica e membros da prefeitura de Mauriti.
Helena de Oliveira, uma das pessoas que solicitou a audiência e que se cadastrou para receber a casa, se diz injustiçada por declarar ser "pobre" e não ter moradia própria. Helena é vendedora e vive com marido e filhos numa moradia cedida por uma amiga. Ela disse que teme ficar sem abrigo nos próximos dias. "Moro numa casa de favor. Há qualquer momento eu estou saindo, porque a dona (proprietária) já está pedindo a casa", lamenta a vendedora.
Já Ivoneida Silva diz que, no ato de entrega das casas, realizado em 11 de abril, 36 pessoas contempladas encontravam-se em situação irregular, por não serem as mesmas que haviam sido selecionadas. Ela afirma que há seis anos luta para conseguir uma casa própria. "Eu sou pobre e vivo em uma casa alugada", choraminga Ivoneida, relatando suas condições de vida.
Defesa
O ex-prefeito Márcio Martins atribui a demora na entrega das casas (que durou seis anos) e a possibilidade de mudança do perfil de vida de algumas pessoas beneficiadas como causa do problema. "Alguém pode ter casado, podem ter mudado para outro município ou ter passado em concurso público", justifica o ex-prefeito. Márcio garante que, na época da escolha para receber a doação da casa, os critérios utilizados foram corretos e fiéis ao exigido pelo programa, inclusive com o acompanhamento de assistente social da Caixa Econômica. "As pessoas contempladas mereciam". (Colaborou Amaury Alencar)
SAIBA MAIS
O Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH) é um programa de financiamento da Caixa Econômica Federal para a construção de empreendimentos residenciais destinados a pessoas com baixa renda. O programa não permite a transferência dos contemplados.
Jornal O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário