terça-feira, 4 de novembro de 2008

ARTIGO: TRAGÉDIA, BARBÁRIE E DESAMOR NO MUNDO MODERNO

O que está acontecendo? A última tragédia – recente! -em Santo André-SP comoveu o Brasil de ponta a ponta. Mais um drama entre tantos outros que acontece todos os meses nesse mundo humano. A cada tragédia nos perguntamos perplexos quando será a próxima notícia de barbárie. Parece que não tem fim, pois viver é sempre perigoso e nunca sabemos quem vai surtar, matar ou morrer. Tudo indica que a roleta russa da psique desgovernada vai apontar sua arma para uma nova vítima desconhecida. E essa vítima pode ser João, Maria, Pedro, Eloá, Eu, Você e qualquer um que estiver no caminho da tragédia. Mas, não adianta buscar isolar o problema como se fosse um caso a parte. A questão dessa última tragédia de Santo André não deve apenas ser vista e analisada como uma falha policial. Precisamos olhar o entorno da condição humana moderna, ou seja, o que e como de conteúdo e valor está sendo plantado nas psiques dos jovens. Em outras palavras, a educação e a cultura moderna não vem provocando uma transformação humana capaz de tornar a vida mais consciente e mais livre de padrões alienantes.

Nesse mundo de tantas setas e poucas verdades profundas criamos psiques desequilibradas e vulneráveis a todo tipo de ordem e comando de morte e violência. Infelizmente a humanidade está muito longe da cultura da solidariedade e do amor pregado pelos grandes mestres espirituais. Video-games, filmes, novelas, livros, músicas, revistas, jornais, teorias, filosofias e chavões irresponsáveis são usados por muitos criando as condições do ambiente social e moral poluído em que vivemos. O inconsciente coletivo criado dessa forma por muitos serve como um oceano onde mergulhamos nossas consciências incautas e inocentes. Aos poucos como uma rã que não salta da panela quando a água fria onde se encontra é esquentada lentamente, assim da mesma forma, não percebemos a sutileza do condicionamento e do rompimento com a força do Espírito da Paz, da Solidariedade, da Empatia e Alteridade em nosso interior humano. Somos lentamente envolvidos pelo calor das persuasões sutis da vida de resultados efêmeros e conquistas de prazeres apenas materiais.

A cada condicionamento sutilmente a mente vulnerável vai se tornando doente e insensível à Força do Espírito em si mesmo. A ditadura existencial da razão funcional aliada aos sentimentos mais imperfeitos ganha espaço e força na consciência daqueles que não percebem a sua alienação para sua verdadeira dimensão humana-espiritual. E nessa trajetória, é natural que um dia essas consciências se perturbem e surtem por força das repetições e acúmulos de mensagens, valores e idéias fracas, distorcidas e pequenas. O drama da vida continuará porque não mudamos os atores, mas apenas terminamos e iniciamos novos atos da grande peça chamada VIDA. Mas, na verdadeira vida não existe acaso. E muito menos numa tragédia como essa e outras que virão ainda!

Bernardo Melgaço da Silva
Professor universitário

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