sábado, 10 de janeiro de 2009

ARTIGO: A CRISE DO CASSINO FINANCEIRO INTERNACIONAL




Em 1995 ao discutir com um professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE) afirmei num tom firme e profético que o sistema internacional financeiro iria quebrar. E dei um prazo entorno de 10 anos para que isso ocorresse. Em minha tese de doutorado (defendida em 1998 na COPPE/UFRJ) afirmei com autoridade o seguinte:

“A competição entre potências econômicas privadas nos espaços dos mercados locais e continentais é o combustível que faz com que o mundo econômico-político-tecnológico gire velozmente. O fluxo de capital circula intensamente na rede formada entre os pólos tecnologicamente mais desenvolvidos e os menos desenvolvidos. Forma-se dessa maneira grandes redes de mercados e grandes mercados em rede. E no interior dessas megaredes abrem-se vários níveis de sub-redes. O fluxo de capital é assim propagado em cascata até a rede de menor valor econômico-tecnológico. A pobreza social, junto com a imigração, caminha no sentido inverso, ou seja, quanto menor for o nível da sub-rede, maior é a sua pobreza social. E maior também é o acúmulo de problemas e deficiências devido ao processo de inchamento dos grandes centros urbanos...Nesse contexto, a idéia de funcionamento da sociedade como um organismo vivo perde sentido e pode ser melhor compreendida através de redes hierarquicamente interligadas. Em outras palavras, não há mais sociedade organizada, mas apenas uma disputa de poder econômico entre mercados e grupos reunidos e organizados em rede hierarquizada. E o Estado acaba ficando refém desse poder, em rede, privado nacional e transnacional. (p.218).

“A criação de novos potenciais de trabalho está vinculada, nas sociedades modernas, à geração de novos empregos. E os novos empregos dependem do investimento de novos fluxos de capital produtivo como força propulsora e impulsionadora. Mas o próprio capital vem assumindo três faces, três identidades: a exploratória (e excludente), a produtiva e a especulativa-corruptiva.

...O capital produtivo oscila, portanto, entre o capital explorador de um lado e o capital especulativo do outro lado. Ali, no meio o capital produtivo se mistura ora com o explorador e ora com o especulativo. As fronteiras são tão invisíveis que somente uma sensibilidade desenvolvida através de uma ética sagrada pode distinguir os limites e suas diferenças sutis. E nessa mistura as infiltrações especulativa e exploradora corroem as bases do trabalho corretamente produtivo. (p.239).

“O capital especulativo ganhou força com a facilidade de comunicação entre os investidores e os mercados financeiros. A tecnologia de informação viabilizou as tomadas de decisões rápidas envolvendo altas somas de dinheiro. Os investidores podem deslocar os seus pacotes de dinheiro sem saírem de suas cadeiras mesmo que o mercado desejado-especulado esteja do outro lado do globo terrestre. A maior mobilidade do capital moderno (“dinheiro informatizado”) em relação à mobilidade do trabalho moderno vem proporcionando ganho fácil em tempo cada vez mais curto com tomadas de decisões operacionalizadas instantaneamente.

Essa “modernidade especulativa” transformou o investimento produtivo numa aposta de um grande jogo global: um verdadeiro cassino financeiro” (p.240). Essa crise está gerando graves problemas de produção, desemprego e vai afetar o Brasil.

Bernardo Melgaço. A Força do Trabalho Humano e suas Dimensõs Ética, Estética e Técnica nas Culturas Moderna e Tradicional. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ. Tese de Doutorado, 1998. Prof. Universitário (engenheiro eletrônico e doutor em engenharia de produção) Bernardo Melgaço da Silva - bernardomelgaco@hotmail.com

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