Fósseis de grande valor científico apreendidos em operação
da Polícia Federal com quadrilha de traficantes há mais de dois anos, ainda se
encontram em poder da Universidade de São Paulo (USP) e outra parte em
almoxarifado da Polícia Federal, em Juazeiro do Norte. A Justiça Federal, em
São Paulo, onde se encontra o processo, apesar de ter acenado positivamente
para a devolução das peças, não remeteu nenhuma delas ao museu do Cariri.
Estudiosos da área já encaminharam
pedido formal a São Paulo para reaver as peças, repassadas para a salvaguarda
da universidade paulista pela Justiça. O pedido foi feito por meio da
Universidade Regional do Cariri (Urca), da qual faz arte o Museu de Paleontologia,
que detém uma das maiores coleções de fósseis do período Cretáceo do mundo. São
cerca de 3 mil peças, ao todo. A quadrilha presa reunia 13 pessoas. O grupo
agia na região e estava transportando o material que teria como destino um
museu dos Estados Unidos e coleções particulares.
Após a solicitação formal, no segundo
semestre do ano passado, por meio da universidade - que alega as condições
favoráveis de salvaguarda do material, além da presença de estudiosos da área
na região e a presença do Geopark Araripe, a Justiça Federal, mesmo acenando
para a possibilidade de enviar o material de volta ao Cariri, os pesquisadores
ainda não têm uma definição de quanto ocorrerá esta decisão.
Segundo o professor e pesquisador da
Urca, Álamo Feitosa, todos os aspectos relacionados à importância desse
material retirado da Bacia Sedimentar do Araripe foram enfatizados. Ele afirma
não compreender o motivo de as peças terem sido encaminhadas para a USP até
hoje, com as possibilidades de estudo presentes no Cariri e a presença de
projetos como o Geopark Araripe, reconhecido internacionalmente. Ainda conforme
o professor, foram expostas as razões do retorno do material, além dos
trabalhos de pesquisa que vêm sendo desenvolvidos na região.
Diário do Nordeste
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