"O direito de 54 milhões de eleitores está sendo completamente desconhecido por aqueles que deveriam representá-los no Senado e na Câmara", enfatizou João Vicente. E completou: "Existe certas diferenças com 1964, principalmente pela assunção do Poder Judiciário, que substituiu as baionetas [armas]. As sentenças estão substituindo as baionetas neste momento".
Ele aponta ainda outras semelhanças com o golpe militar. "O pano de fundo é o mesmo. Em 1964 o Congresso estava comprometido com o golpe. Na madrugada que antecedeu a ação dos militares, o Congresso ratificou e legalizou o golpe de estado. Vimos a posição do Supremo naquele momento, que ficou completamente calado", lembrou, destacando que o mesmoa conteceu agora.
"Hoje vivemos uma situação completamente nova em que a própria classe política, que até ontem eram de ministros da presidenta Dilma, agora compõe o ministério desse ilegítimo governo Temer. Ou seja, a desqualificação moral é tal que em 1964 quem caiu foi para o exílio, cassado ou perseguido. E agora vemos uma coisa absurda de ministros que ainda estão no governo, de uma hora para outra passarem a ser ministros de um governo ilegítimo".
Vida curta
Para João Vicente, o governo Temer "não vai muito longe". "A população e a própria imprensa internacional estão se dando conta de que se trata de uma intervenção espúria do poder político e judiciário contra um governo legitimamente eleito", argumenta.
"Esse governo Temer vai ter imensa dificuldade em se viabilizar, não só por ser ilegítimo, mas por ter cooptado ministros traidores com carimbo marcado na testa, mas por ser um governo totalmente voltado para as elites. Vão tentar mexer em Previdência e em direitos trabalhistas já conquistados nos governos de Getúlio Vargas e Jango, que vai trazer uma profunda crise", analisa. "O povo não admite isso", acrescenta.
Plebiscito
O filho de Jango reforça que os setores progressistas da população devem conclamar o povo a reagir e defende a realização de um plebiscito.
"O passo agora é mobilizar para assegurar um amplo acordo nacional, um plebiscito para que se discuta novas eleições para que o povo legitime um novo governo através das urnas, que são a grande legalidade de um povo livre e um país democrático", defende.
- Do Portal Vermelho
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