O presidente da Confederação Nacional da Indústria(CNI), Armando Monteiro Neto, afirmou nesta quinta-feira que a propostado ministério da Educação de reforma do Sistema S é uma "estatizaçãoencabulada" das instituições ligadas à indústria, comércio, agricultura etransportes. "Em vez de assumir claramente o propósito de que o governoquer gerir os recursos, quer dizer onde devem ser aplicados, quer alinharas ações do sistema com as políticas públicas, ele cria um fundo que temum carimbo claro de vinculação do direcionamento dos recursos. Portanto,me parece sim que pode ser o prelúdio de um processo de estatização",frisou Monteiro Neto.Ele garantiu que o Serviço Social da Indústria (SESI) e o ServiçoNacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), assim como as demaisinstituições do Sistema S, estão abertos ao diálogo. "Mas rechaçaremosqualquer tentativa de oferecer uma proposta intervencionista", antecipou,ao participar hoje de uma reunião na Câmara dos Deputados, ao lado derepresentantes de outras confederações, para discutir as propostas doministério da Educação de mudanças no Sistema S.O ministro Fernando Haddad disse que enviará ao Congresso um Projeto deLei para um Fundo Nacional de Formação Técnica e Profissional (Funtep)para cada um dos serviços nacionais de aprendizagem: SENAI, SENAC, SENARe SENAT. Esses fundos mudariam a lógica de distribuição dos recursoscompulsórios do Sistema S, arrecadado sobre a folha de pagamento dosrespectivos setores.Uma das críticas dos representantes da indústria, do comércio, daagricultura e dos transportes é que o anteprojeto do governo tratadiferentes setores como iguais. "As demandas de formação da indústria nãotêm a mesma natureza do comércio e essa proposta não leva em consideraçãoas especificidades de cada setor. Vamos avançar por um diálogo que leveem conta o papel que cada um dos setores pode ter na formaçãoprofissional", disse Monteiro Neto.O deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), que acompanhou as explicações doministro numa reunião na Câmara na semana passada, disse não partilhar davisão do governo. "Não concordo com esse diagnóstico do ministério. Nãovenham mexer com quem está fazendo bem o que o governo está fazendo mal",defendeu. De acordo com ele, é preciso, sim, discutir formas de melhorartodo o ensino técnico e profissional, ainda mais porque a economia estácrescendo num ritmo superior ao dos últimos anos. "Mas não se deve mudaro Sistema S, que contribui demais com a formação de jovens e adultos parao mercado de trabalho", continuou.O senador Adelmir Santana (DEM-DF), ligado à Confederação Nacional doComércio (CNC), disse que o anteprojeto do governo, pela forma com quefoi apresentado e pelo conteúdo dele, "causou espécie" entre osempresários. "Dizem que o sistema é obscuro, não tem fiscalização. Temsim, da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas daUnião (TCU), que são do próprio governo. Desconhecer isso é desconsideraro próprio governo", declarou Santana.O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, reclamou ainda de que oanúncio da proposta do governo não foi precedido de um diálogo com asconfederações, gestoras do Sistema S. "E aí me parece estranho, numgoverno que proclama tanto a sua disposição de promover um diálogosocial, que remete a discussão de todas as reformas (sindical,trabalhista, previdenciária) que ocorrem no Brasil a fóruns tripartites,que se possa pretender reformar um sistema que cumpre reconhecidamenteseu papel sem que haja, no mínimo, um diálogo com os setores que têm aresponsabilidade de gerir o sistema", finalizou Monteiro Neto.
Fonte: Imprensa CNI
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