A influência das culturas e história na educação será debatida, de 27 a 31 de maio, no município de Barbalha, com o VII Encontro Cearense de Historiadores de Educação, com a participação de educadores de todas as universidades cearense e Centro pró-Memória de Barbalha. O encontro tem como objetivo fazer um mergulho na história local e debater questões relacionadas, cultura e afrodescendência. A abertura do encontro acontecerá no Centro Histórico de Barbalha. Segundo os organizadores, o subtema do evento abre espaço para vários debates numa terra onde se encontra um núcleo de resistência da arte popular, com diversos grupos de tradição. "Vitrais da Memória: Lugares, Imagens e Práticas Culturais" está relacionado aos temas debatidos, voltados para o sentido de formação da sociedade, hoje e ao longo da história.
As inscrições para quem iria apresentar trabalhos científicos foram encerradas no último dia 7, mas para o evento continuam até o dia 12 abril. Da URCA foram selecionados mais de cinqüenta trabalhos. A presença dos historiadores da educação em Barbalha e a escolha do local se deram pelo significado histórico e cultural e também pelo apoio recebido para realização do evento. O passado de Barbalha remonta o século XVIII e teve vínculo com a economia dos engenhos de cana-de-açúcar e a escravidão africana.
Essa ligação histórica por si só, conforme os organizadores, justifica o evento, mas traz também questões relacionadas à riqueza da própria região como o patrimônio paleontológico, a tradição indígena, expressão da religiosidade e arte popular. A professora Zuleide Fernandes Queiroz, do Departamento de Educação da Universidade Regional do Cariri (URCA), e da comissão organizadora do evento, justifica a escolha da região como sede do encontro, por ser um pólo de desenvolvimento na área de educação, além de ter um referencial histórico importante.
Ela cita a criação, em 1934, da Escola Normal Rural, pela professora Amália Xavier. A segunda escola do gênero existe no Rio de Janeiro. Também ressalta a presença de um curso a ser implantado na área de Engenharia de Operação, em Juazeiro, um dos cinco do País. Em Barbalha, exemplos de pioneirismo, como o Gabinete de Leitura, na rua principal da cidade, e as primeiras aulas noturnas para trabalhadores. Em Crato, colégios como o Santa Tereza e a Faculdade de Filosofia fazem parte da marca da tradição histórica. "Então, todos os avanços que o Cariri vem obtendo ao longo dos anos na área educacional faz parte de uma luta antiga", destaca a professora. O encontro nasceu a partir do Núcleo de História e Memória da Universidade Federal do Ceará (UFC). São pesquisadores doutores e mestres que vem buscando catalogar a história da educação no Ceará.
Segundo Zuleide Queiroz, o que existe sobre a história é muito fragmentado e tem uma visibilidade de cunho político. A partir desses estudos muitas realidades vêm sendo construídas, a partir do resgate, com as descobertas de aspectos importantes sobre a trajetória da educação no Estado. A expectativa é que participem do evento cerca de 500 pessoas. A abertura contará coma conferência de abertura do professor Filipe Zau, do Ministério da Educação da República de Angola, na África, com abordagem do tema: "Elementos para uma História dos Afrodescendentes". Também serão realizadas palestras com historiadores locais e professores da rede pública municipal de Barbalha.
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