Autoridades da Suíça enviaram para o Brasil dados de contas secretas atribuídas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e seus familiares naquele país. O volume de recursos encontrado -que é mantido em sigilo- foi bloqueado pelas autoridades. O peemedebista tornou-se alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público suíço, em abril deste ano, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que pretende dar continuidade à investigação iniciada pela Suíça.
O fio da meada que levou a registros bancários de Cunha na Suíça foi o rastreamento de recursos que circularam por contas do lobista João Augusto Henriques. Ligado ao PMDB e preso pela Operação Lava Jato em 21 de setembro, ele admitiu ter depositado dinheiro numa conta que tinha Cunha como beneficiário.
Henriques disse à Polícia Federal que não sabia que a conta era do deputado. Ele afirmou que só soube que Cunha era o favorecido mais tarde, quando confrontado pelas autoridades suíças. Em depoimento à PF, ele não citou o valor nem a data em que teria feito o depósito.
O pagamento, segundo o lobista, era referente a uma comissão para o economista Felipe Diniz, filho do deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009. Diniz teria direito aos recursos por ter ajudado no negócio que levou à aquisição, pela Petrobras, de campo de exploração em Benin, na África.
A Procuradoria-Geral da República acusa Cunha de receber propina do esquema de corrupção descoberto na Petrobras, mas a denúncia ainda não foi aceita pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ele foi citado por dois delatores da Lava Jato -os lobistas Julio Camargo e Fernando Soares, o Baiano- como destinatário de US$ 5 milhões que teriam sido pagos para garantir contratos de navios-sondas da Petrobras.
Segundo a Procuradoria, a transferência da investigação criminal da Suíça para o Brasil foi acertada pelos governos dos dois países. As autoridades suíças renunciaram à jurisdição para investigar Cunha, que é brasileiro nato, para que o inquérito prossiga em seu país.
Os advogados Antonio Fernando de Souza e Reginaldo de Castro, que defendem o presidente da Câmara dos Deputados, não foram encontrados para comentar a existência de contas secretas em nome do congressista e seus familiares. (Da Folhapress)
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