quarta-feira, 7 de maio de 2008

Oposição coloca PSDB contra a parede

A estratégia da oposição surpreendeu os tucanos. Inicialmente, Heitor Férrer (PDT) cobrou ontem, na tribuna da Assembléia Legislativa, que o PSDB se decidisse em assinar ou não o requerimento dele e de Adahil Barreto (PR) para abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar viagens do governador Cid Gomes (PSB). Logo em seguida, Adahil foi à tribuna anunciar que os autores desistiram da empreitada.

Na prática, os opositores jogaram para o PSDB a responsabilidade de instalar uma CPI contra o Governo do Estado. Há pelo menos duas semanas os tucanos ameaçam assinar o requerimento, mas pedem tempo para resolver o assunto internamente. A alegação era de que a bancada ainda estaria dividida em relação à investigação.

"Não posso ficar com documento pendente por muito tempo", pressionou Heitor. O pedetista admitiu que estava repassando a responsabilidade da empreitada para os tucanos, já que ele e Adahil não possuem força suficiente para emplacar uma CPI, que necessitaria de 12 assinaturas - o PSDB, sozinho, possui 14 deputados. O parlamentar, porém, garantiu que assina o pedido de CPI caso o PSDB conduza o processo, negando haver recuo em sua posição de instalar a comissão.

Adahil avalia que os fatos que justificam uma CPI são claros e que já foram todos discutidos na Casa. "Ainda assim diz-se que não identificamos o objeto dessa investigação", reclamou. "Não vamos ficar com duas assinaturas sem perspectiva", avisou o deputado, ao anunciar que estavam, ele e Heitor, retirando de pauta o requerimento de abertura da CPI.

Indignação
O líder da bancada tucana na Assembléia, João Jaime, não gostou da manobra oposicionista e foi ao encontro de Heitor assim que o deputado desceu da tribuna. "Você desdenhou do nosso apoio. Fiquei estarrecido", disse João Jaime ao pedetista. "O PSDB é um partido responsável e está analisando. Não é por pressão que o partido vai antecipar sua decisão", defendeu-se o líder tucano, em entrevista.

Ele relembrou que o PSDB pediu apoio de Heitor para assinar a CPI que investigaria o Réveillon de 2006 para 2007, promovido pela Prefeitura de Fortaleza, e não obteve resposta positiva. "Não admitimos que ele (Heitor) venha fazer cobranças", reagiu João Jaime. "Acho isso uma jogada inábil de quem está querendo pôr em xeque o PSDB".

O tucano acusou Heitor de promover a causa com interesse eleitoral. "Se retirar (o requerimento) e colocar sobre as costas do PSDB não é mais para investigar, é uma posição política", aponta. De acordo com João Jaime, não existe prazo para o PSDB tomar a decisão sobre uma possível CPI que investigue as viagens de Cid Gomes.
Jorna,l O Povo

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