quinta-feira, 30 de maio de 2013

A CIDADE SE ESCONDE ATRÁS DA PUBLICIDADE

 
 
Por Alexandre Lucas*

Indiscutivelmente os centros das cidades são locais de grande fluxo de pessoas por concentrarem as demandas de serviço e comércio, sendo alvo  privilegiado da tirania comercial da publicidade que de forma desastrosa e criminosa vem destruindo o patrimônio arquitetônico e poluindo visualmente as cidades. 

As fechadas dos prédios vão sendo tomadas por gigantescas placas como se quisesse sinalizar que quanto maior a placa melhor o produto ou algo similar.  Esse fator contribui significativamente para apagar a memória e a temporalidade arquitetônica e favorece para o esvaziamento das relações de identidade e pertencimento da cidade.

Os lambe-lambes comerciais, cartazes de diversos tamanhos  afixados com cola, agridem a visão e o patrimônio público e privado das cidades. Nada parece escapar dos lambe-lambes comerciais: paredes, postes, telefones públicos, tapumes de construções, abrigos de paradas de transportes coletivos,   lixeiras e árvores são alvejados diuturnamente. Os cartazes divulgam produtos e serviços, os mais variados: jogos de búzios, festas, cursos, anúncios de empregos e ofertas de produtos.                  

É preciso repensar visualmente os espaços urbanos a partir de outra lógica. A partir do combater frontal a poluição visual e a destruição do patrimônio arquitetônico e por outro lado incluir no cardápio visual da população outros elementos que considerem a relação inseparável e “desestática” da arquitetura, urbanismo e das pessoas.

O que abre leque para reconhecer a cidade como galeria aberta para a arte urbana. O espaço urbano é um dos locais privilegiados para pensar a experimentação e circulação das artes visuais como forma de tornar acessível à produção artística para o grande público, tendo em vista, que é o lugar de trânsito da população e que interfere na relação/fruição das pessoas no sentido de repensar  formas, conteúdos, realidades sociais e criar relações de pertencimento e de identidade.  A arte urbana é vista como um trabalho social, um ramo da produção da cidade,expondo e materializando suas conflitantes relações sociais.  O que aponta para uma questão essencial que deve ser perseguida pelas gestões públicas que é a garantia da liberdade da diversidade estética e artística da arte urbana que incluir trabalhos de caráter permanentes, como efêmeros. 

Pautar essa é questão está na ordem do dia. As casas legislativas municipais  devem ser sacudidas para essa reflexão e provocar um grande debate com a sociedade para que possam ser pensados instrumentos jurídicos que assegurem  salvaguarda do nosso patrimônio arquitetônico e que as cidades possam ser compreendidas  como grandes galerias abertas para arte urbana.   
  

Nenhum comentário: