Jamais se conspirou tão abertamente como no Brasil de hoje. Num jogo absolutamente aberto, todo o mundo sabe quem são os jogadores e seus movimentos, ventilados na imprensa e em redes sociais diuturnamente, eventualmente pelos próprios autores.
A desqualificação da oposição é feita com competência invejável pela própria oposição. E o objetivo ficou mais claro do que nunca com um singelo projeto de emenda constitucional que acaba de ser apresentado pela deputada federal Cristiane Brasil, dona do PTB.
Sobre Cristiane: carioca, filha de Roberto Jefferson, 41 anos, é advogada e foi eleita com 81 mil votos. Nas eleições de 2014, chegou a ser detida por fazer boca de urna para Aécio Neves. Estava na porta de escolas pedindo votos com cabos eleitorais e bandeiras.
É uma das idealizadoras do Movimento Pró-Impeachment, que inventou um abaixo assinado fraudulento na plataforma change.org — qualquer um entra quantas vezes quiser com quantos pseudônimos lhe apetecer.
Cristiane é a autora da chamada PEC antiLula, que prevê a proibição da “reeleição por períodos descontinuados para cargos do Executivo’’.
A ideia é alterar o Artigo 14 e o parágrafo 5º da Constituição: “O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente, sendo proibida, a reeleição por períodos descontínuos’’.
No texto, lê-se ainda o seguinte, em referência a Lula: “Ademais, um candidato recorrente possui uma vantagem desproporcional e desleal sobre os seus adversários, visto que este já possui um nome e um legado já conhecido pelo povo.’’
Detalhe: das 181 assinaturas apresentadas na PEC, três não conferem e 24 são repetidas. É o mesmo DNA corrupto da petição.
À guisa de emular os EUA, o que se quer é inviabilizar a candidatura de Lula a qualquer custo — principalmente no tapetão. É claro que o instituto da reeleição pode e deve ser discutido seriamente. O problema é quando isso é motivado pelo medo pânico de Lula, que cria todo tipo de medida oportunista.
“Vamos trabalhar para que Lula não volte em 2018”, disse Hélio Bicudo em uma reunião em sua casa com os grupos Nas Ruas, Movimento Liberal Acorda Brasil, Brasil Melhor e Avança Brasil Maçons (!!!??).
Ora, a maneira democrática de evitar que isso ocorra, por enquanto, é uma só: encontrar um candidato que capaz de vencer o sujeito nas urnas. No mundo onde viceja o golpismo 24 por 7, porém, o que vale são as soluções mágicas para enganar trouxa.
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