A polícia brasileira é a que mais mata no mundo, revelou o relatório da Anistia Internacional, divulgado na última segunda-feira (07). De acordo com o levantamento, a força policial lidera o número de homicídios dentre todas as corporações do planeta.
Apenas no ano passado, 15,6% dos homicídios registrados no Brasil tinham como autor um policial. Em 2012, foram 56 mil homicídios cometidos pelos agentes de segurança. A maioria desses crimes, mostra o estudo, são de pessoas já rendidas, que foram feridas ou alvejadas sem qualquer aviso prévio.
Outro dado já denunciado por organizações como a Human Rights Watch (HRW) mostra que o passar dos anos não alterou quem são as vítimas: “assassinatos cometidos por policiais tem tido um impacto desproporcional na juventude de homens negros”, corrobora a Anistia Internacional.
Só no Rio de Janeiro, 99,5% das pessoas assassinadas por policiais entre 2010 e 2013 eram homens, sendo 80% negros e 75% com idades entre 15 e 29 anos.
Outra informação certificada pelo relatório, que inclui 220 investigações envolvendo homicídios cometidos por policiais no Brasil desde 2011, a maioria dos autores dos disparos nunca foi punida. Dos 220 casos, 183 investigações não tinham sido, sequer, concluídas.
Para acompanhar de perto os efeitos da violência policial e quais as possíveis saídas para impedir novas chacinas pelas polícias, como as que ocorreram na região de Osasco e Barueri, em agosto deste ano, o GGN produziu o mutirão Como enquadrar as polícias?.
Ao GGN, o procurador regional da República Marlon Weichert consolidou os dados hoje comprovados neste relatório da Anistia Internacional, e afirmou que "a polícia de hoje só é boa para o crime organizado". "Porque para o pobre não é", completou, enfatizando o "modelo fracassado" de segurança pública atual no Brasil.
A Anistia vai além da pesquisa quantitativa e aponta caminhos para a redução da letalidade policial. Segundo a organização, as investigações independentes e as punições nos casos em que seja constatado o abuso por parte das forças policiais podem auxiliar esse processo. Além disso, ressaltou que é preciso buscar a construção de Estatutos mais claros e rígidos para policiais, "deixando ainda mais claro que o uso da força precisa ser justificado".
A representante holandesa da Anistia, Anja Bienert, lembrou que as condições para os policiais hoje também necessitam de melhorias, mas afirmou que a "força" deve ser a "última alternativa". "Ninguém está questionando os desafios enfrentados pela polícia, que muitas vezes são perigosos. Mas governantes e forças judiciárias frequentemente falham em criar uma plataforma de trabalho que garanta que a polícia só utilize a força dentro da lei, em consonância com os direitos humanos e como última alternativa", disse.
Depois da brasileira, a polícia dos Estados Unidos está entre as três mais violentas do mundo, envolvida em vários casos de assassinatos de negros nos últimos meses.
Site Brasil de Fato
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