terça-feira, 8 de julho de 2008

MORRE MEININO QUE LEVOU TIROS DE POLICIAIS

João Roberto Amaral, 3, morreu no final da tarde de ontem. Ele foi baleado na cabeça durante uma perseguição de dois PMs a supostos assaltantes, na noite de domingo, no Rio. O menino havia sofrido morte cerebral ontem pela manhã.

O garoto estava no carro da mãe, Alessandra Amaral, na Tijuca (zona norte do Rio), quando os dois PMs começaram a disparar. O carro apresenta cerca de 20 perfurações de tiros. Os PMs afirmam que perseguiam ladrões de carro naquele momento e que confundiram o carro da família com o dos supostos assaltantes.

O irmão mais novo de João, um bebê de nove meses, também estava no carro no momento do ataque. Ele não foi atingido pelos tiros. O delegado Walter Oliveira informou que vai ouvir testemunhas que presenciaram o caso e afirmaram, informalmente, que viram os policiais atirando várias vezes com o carro onde estava João.

O pai do menino também afirmou que os tiros partiram dos policiais e disse ainda que eles atiraram quando o carro estava parado. "Eles (PMs) metralharam o carro da minha mulher, não deixaram chance de defesa. Quase que matam a família toda. Minha mulher está com o corpo cheio de estilhaços de carro", disse o pai de João Roberto, Paulo Roberto Amaral. "É mentira (que estavam em perseguição). Cadê o outro carro? Cadê os bandidos? São assassinos, mataram uma criança de 3 anos".

O secretário estadual da Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, classificou a ação de desastrosa e admitiu a falta de preparo dos PMs na abordagem de suspeitos. Ele afirmou que "um fato como esse não tem desculpa", mas ponderou que os policiais que atuam no bairro da Tijuca estão sob constante tensão. "O policial não estava num confronto. Faltou discernimento, análise de critério, raciocínio voltado efetivamente para o que ele deveria fazer. (...) As entidades policiais não têm o direito de errar", insistiu.

Foi aberto Inquérito Policial Militar (IPM) e determinada a prisão administrativa por 72 horas dos militares. Alessandra estava a 50 metros do prédio onde mora, quando percebeu a viatura atrás em alta velocidade. Encostou o carro para dar passagem. Os policiais saíram, se posicionaram atrás e dispararam com fuzis e pistolas. Em depoimento, os militares afirmaram não ter disparado um só tiro contra o automóvel onde estava o João Roberto. Na versão deles, houve tiroteio entre eles e supostos assaltantes que estavam em um Fiat Stilo preto. O carro de Alessandra teria ficado no meio do fogo cruzado.

Jornal O Povo

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