Municípios atingidos pela seca reclamam que a Companhia Energética do Ceará (Coelce) está atrapalhando projetos de infraestrutura destinadas ao combate dos efeitos da estiagem.
Em Quiteranópolis, onde o consumo local de água é de 90 mil litros por dia, apenas 30 mil são captados pelo abastecimento, em parte feita por poços profundos, cuja capacidade é prejudicada pela falta de energia adequada. “Nossa maior dificuldade está nas vilas. Os motores das bombas estão queimando”, aponta o secretario da Agricultura do Município, Miguel Coutinho sobre o cabeamento elétrico monofásico, que tem menor capacidade de distribuição de energia. Ele diz que foram feitos miniprojetos para a substituição da rede elétrica, para instalação de cabeamento trifásico, mas que a Coelce não dá retorno. “Queríamos conversar com os representantes da Coelce, saber o porquê da não instalação.”
De acordo o secretario de recursos hídricos de Ipueiras, Marcos Rufino, a baixa capacidade de distribuição da energia tem comprometido a vazão de água. Na comunidade Araxás, ele exemplifica, uma bomba opera com 3 mil litros de água ao dia, sendo a necessidade real de abastecimento da região de 6 mil litros. “Fizemos diversas solicitações. Eles dizem que vão resolver o problema e não resolvem”, declara. Ele cita outro caso, desta vez na comunidade Limoeiro. “Com a energia passada, até a bomba queima. Temos esse problema em mais doze comunidades”. Rufino afirma que desde 2005 pede a substituição do cabeamento.
A Prefeitura de Cascavel, por meio de nota, informa que na região de Baixio dos Malacaios, o problema não é a distribuição de energia por meio de cabeamento monofásico, mas a falta de eletricidade em um sistema de abastecimento de água financiado com recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop). “Não está em funcionamento por falta da instalação de energia. E fica a menos de 10 metros de distância de um poste da Coelce. O município está aguardando”.
O secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará, Nelson Martins, reconhece o problema. Para ele, a demanda por energia está maior que a capacidade da Coelce em atendê-las. “O problema é que a Coelce tem uma grande demanda e não está dando conta dos projetos”. Ele afirma que, para tentar resolver o problema, o Governo se reuniu com a Direção da empresa. “O governador Cid Gomes se reuniu com a Coelce para tratar do assunto”.
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