O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ter considerado "precipitada" a decisão do PMDB de desembarcar da base do governo da presidente Dilma Rousseff, formalizada na última terça-feira 29. Segundo ele, um acordo firmado na reunião da convenção do partido, no dia 12, e que reelegeu o vice-presidente Michel Temer para continuar à frente da legenda, previa que não fossem votadas moções.
De acordo o presidente do Congresso, o ato surpreendeu, pois se votou uma moção que dava prazo de 30 dias para que o partido decidisse se mantinha o apoio ao governo. A apreciação, porém, foi antecipada para o dia 29, quando o PMDB aprovou o texto de rompimento e a entrega imediata dos cargos que ocupa na administração federal em menos de quatro minutos.
"É evidente que isso precipitou reações em todas as órbitas: no PMDB, no governo, nos partidos da sustentação, nos partidos da oposição, o que significa em outras palavras, em bom português, não foi um bom movimento, um movimento inteligente", avaliou Renan.
O senador ressaltou que quando o partido reelegeu Temer para comandar a legenda demonstrou uma "férrea unidade", reconduzindo-o ao cargo por meio de uma chapa única. O movimento posterior de rompimento, porém, foi "pouco calculado" em sua opinião.
O presidente do Senado destacou, ainda, que não tem participado das discussões em torno de um eventual governo Temer de maneira a resguardar a isenção e a transparência do Senado. Mesmo evitando comentar se existiria uma pressa do PMDB em ocupar o Palácio do Planalto, Renan disse não acreditar que a legenda engrosse a bancada e oposição caso o Congresso não aprove o impeachment da presidente Dilma.
"Eu acho que não (o PMDB passar à oposição) porque, na medida em que você permite a radicalização das posições, você deixa de defender o interesse nacional e quando você abre os olhos apenas para a disputa de poder e fecha os olhos para a defesa de valores como a democracia, a liberdade, a governabilidade, você sem dúvida inverte os papéis", disse.
Artistas, intelectuais e parlamentares vão a Renan para defender Dilma
Renan recebeu, o início da tarde desta quinta-feira, parlamentares, artistas, intelectuais e representantes de movimentos sociais apoiadores da manutenção do governo da presidente Dilma. No encontro, Renan Calheiros voltou a dizer que o momento é conturbado.
"Eu acredito que as disputas políticas muitas vezes são saudáveis, mas não podemos permitir que essas disputas ultrapassem os limites da Constituição e fragilizem a democracia. Saibam dos meus compromissos com a Democracia, saibam do papel, o qual eu entendo que devo desempenhar como presidente do Congresso Nacional, que é agir, não tenham a menor dúvida, em defesa da democracia", disse.
Líderes do PMDB, entre eles Jader Barbalho, avaliaram a insistência de Michel Temer para uma ruptura como "uma burrada" do vice-presidente. Leia mais na reportagem do Jornal do Brasil:
Líderes do PMDB avaliam ruptura como "uma burrada" de Michel Temer
Peemedebistas não querem o ônus de ter precipitado eventual queda de Dilma
Peemedebistas não querem o ônus de ter precipitado eventual queda de Dilma
Eduardo Miranda - Os menos de três minutos em que o Diretório Nacional do PMDB aprovou, por aclamação, e não por votos, a ruptura do partido com o governo federal podem ter um efeito negativo prolongado para o vice-presidente Michel Temer, principal articular do desembarque.
O sentimento de líderes do PMDB contrários ao rompimento, neste momento, é de que o governo, com o que eles vêm chamando de "erro tático do Michel", pode conseguir os votos necessários na Câmara dos Deputados para arquivar o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Em reunião com a cúpula do partido nesta quarta-feira (30), segundo apuração do Jornal do Brasil, o senador Jader Barbalho classificou a insistência de Temer no rompimento como "uma burrada, que nem serviu para esconder o racha do PMDB".
Os caciques do PMDB voltaram a lembrar que o governo "vai cair de maduro" e que se o partido empurrasse Dilma para o precipício pareceria oportunismo capaz de retirar a legitimidade de Michel Temer, caso o presidente nacional do partido assuma o Planalto. A cúpula do PMDB no Senado avalia que, aberta a porteira, o governo tem chances de sobreviver mesmo com poucos votos.
Dilma pediu aos ministros do PMDB um prazo para decidir o destino deles. Podem ficar no governo Kátia Abreu, Helder Barbalho em função do pai, Jader, e Eduardo Braga pelo que representa no Senado Federal. Com exceção da Agricultura, os demais cargos já entraram nos classificados do Planalto Central ou na cobiça de outros aliados. A permanência deles explicita um racha no PMDB e constrange Michel Temer.
Os movimentos adesistas dos partidos médios (PP, PSD e PR) que, teoricamente, podem totalizar 129 votos, provocam um vexame público aos ministros do PMDB que não querem largar o osso. Mesmo querendo ficar, o governo avalia que eles não têm o que entregar (votos) e já começou a leiloar os cargos ocupados até aqui pelos sem votos. Se estes mesmos ministros não conseguiram evitar o rompimento do partido, como conseguiriam votos pró Dilma? Neste caso estão Celso Pansera, Marcelo Castro e Mauro Lopes, contabilizados como 1 voto cada.
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