No mais duro discurso desde que a Câmara aceitou o pedido de impeachment, a presidente Dilma Rousseff lançou nesta terça-feira, 22, uma espécie de "campanha da legalidade" para evitar o afastamento, chamado diversas vezes de "golpe", e disse mais de uma vez que "jamais renunciará sob qualquer hipótese".
O pronunciamento foi feito no
Palácio do Planalto, após encontro da presidente com juristas que foram a
Brasília manifestar apoio à petista e rechaçar tentativas de interrupção do
atual mandato.
"Eu preferia não viver esse
momento, mas me sobra energia e disposição. Jamais imaginei gastar forças para
unir a sociedade em torno de uma campanha pela legalidade", afirmou Dilma.
A presidente relembrou seu
apreço pelo ex-governador Leonel Brizola, em uma comparação direta do atual
momento com a campanha conduzida pelo político gaúcho para que o então
vice-presidente João Goulart pudesse assumir o mandato presidencial em 1961,
após a renúncia de Jânio Quadros, situação que desagradava aos militares da
época. "Não cabem meias palavras: o que está em curso é um golpe contra a
democracia."
A presidente afirmou mais de uma
vez que não cometeu nenhum crime de responsabilidade, hipótese prevista na
Constituição para que um presidente seja afastado do cargo. Para Dilma,
"os que pedem a renúncia mostram fragilidade de convicção sobre o processo
de impeachment".
Antes do discurso de Dilma, o
advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, disse que o governo vai entrar
com ações no Supremo Tribunal Federal para questionar o processo de impeachment
em curso na Câmara. A medida foi anunciada após a reunião com juristas.
Ao encerrar o discurso, Dilma
afirmou querer "tolerância, diálogo e paz" e concluiu usando o bordão
criado pelos aliados do governo: "Não vai ter golpe".
(Jornal O Povo)
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