As empreiteiras
investigadas no escândalo da Petrobras doaram nas eleições deste ano R$ 50
milhões a 41% do Congresso que toma posse a partir de fevereiro. Entre os
deputados federais e senadores cujas campanhas mais receberam esses recursos diretamente
ou por meio dos partidos ou comitês de campanha, figuram integrantes do PP,
PMDB, PT e da oposição.
Ao todo, 243 receberam doações de oito
das nove empresas investigadas. Na lista dos 15 que obtiveram as maiores
contribuições, há três deputados do PP (Partido Progressista) do Paraná: Nelson
Meurer, Dilceu Sperafico e Ricardo Barros.
Todos negaram ter mantido contato com
as empresas e disseram que os recursos foram direcionados pela direção nacional
do partido. O presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), está em viagem ao
exterior. Sua assessoria de imprensa disse em nota que "os critérios da
distribuição foram definidos em colegiado pela Executiva do partido".
De acordo com depoimentos dados à
Polícia Federal, o PP é uma das legendas que está no centro do esquema
desbaratado pela Operação Lava-Jato e que tinha como operador o doleiro Alberto
Youssef, preso desde março passado.
O partido foi o responsável pela
sustentação política do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos
pivôs do escândalo e que acertou um acordo de delação premiada com a Justiça.
Preso na operação Lava-Jato, ele afirma que as empresas que mantinham contrato
com a Petrobras irrigaram campanhas do PP, PT e PMDB em 2010.
Em depoimento à Polícia Federal
revelado pelo jornal Folha de São Paulo, um diretor da Galvão Engenharia
afirmou ter pago propina ao PP, cujo esquema seria comandado até 2010 pelo
então deputado José Janene (PP-PR). Ex-líder da bancada do partido na Câmara,
ele morreu naquele ano.
O congressista eleito cuja campanha
mais foi abastecida pelas empresas investigadas é o futuro senador Otto Alencar
(PSD), vice-governador da Bahia, filiado ao PP até 2011. Sua campanha recebeu
R$ 2,2 milhões da OAS, da Odebrecht e da UTC.
"Repasses
legais"
A maioria dos políticos que integram a
lista dos que mais receberam doações das empresas investigadas pela Polícia
Federal ressaltaram que os repasses foram legais e que não havia até então
suspeitas contra as companhias.
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