segunda-feira, 18 de maio de 2015

Cunha e Renan aproveitam momento


Com a imagem ofuscada ainda pela queda na popularidade, a presidente da República, Dilma Rousseff, tem evitado aparecer em público abrindo espaço para que os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), tomem de conta da agenda política do País. Mesmo figurando na lista da Operação Lava-Jato, os dois peemedebistas agem sem “constrangimento”, usando a força política para arregimentar aliados e dificultar a articulação do governo no Legislativo.
O professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Vila Velha, Vitor Amorim, disse que o protagonismo de Cunha e Renan é favorecido tanto pela própria dinâmica dos cargos que executam no Legislativo quanto pela inclusão de nome de parlamentares nas fraudes na Petrobras, criando um cenário para que eles saiam fortalecidos diante da fragilidade dos colegas. 
“Não há constrangimentos para os presidentes das duas Casas obterem apoios. Fortalecê-los, inclusive, pode ser visto como uma forma de atacar, indiretamente, o governo federal, a quem está submetida a Polícia Federal, responsável pela condução das investigações”, observou Vitor Amorim.
Os dois, segundo o professor de ciências políticas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Jorge Almeida, aproveitam-se do momento ruim da presidente, que tem sido criticada pelo ajuste fiscal encaminhado ao Congresso, para medir forças com o governo aprovando projetos que antes não estavam na pauta das Casas. “No fim das contas, tudo isso envolve a pressão por participação e cargos no governo”, analisou.
“Elas vão desde a simples aprovação dos projetos colocados em pauta à troca de cargos e recursos por apoio ao governo federal no Congresso. Vimos isso claramente na votação da medida provisória que altera as regras do seguro-desemprego”, completou Vitor Amorim.
A convocação do vice-presidente, Michel Temer, para amenizar a tensão no Congresso Nacional é vista pelos especialistas como positiva, pois vai ajudar a acomodar setores do PMDB, diminuindo a pressão sobre o governo federal. 
“Na medida em que o PMDB está mais fortalecido no Ministério e no comando do governo tenderá a assumir mais compromissos com o governo no Congresso. Michel Temer é um político hábil nas negociações. Isto deve ajudar o governo a aprovar projetos no Congresso”, disse o professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Aldo Fornazieri.

Em contrapartida, Jorge Almeida observa que o fato de Dilma colocar na articulação política Temer e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pode trazer danos políticos posteriores a ela, pois tira a visibilidade dela como negociadora. “Ela acaba demonstrando que não pode fazer isso (negociação). Ao colocar pessoas que não são do PT na articulação, ela resolve uma questão imediata, mas está criando um problema a longo prazo. Está se enfraquecendo politicamente. Isso não significa que em quatro anos ela não possa mudar a postura”, avaliou Almeida.
fonte: DN

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