Com a imagem
ofuscada ainda pela queda na popularidade, a presidente da República, Dilma
Rousseff, tem evitado aparecer em público abrindo espaço para que os
presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), tomem de conta da agenda política do
País. Mesmo figurando na lista da Operação Lava-Jato, os dois peemedebistas
agem sem “constrangimento”, usando a força política para arregimentar aliados e
dificultar a articulação do governo no Legislativo.
O professor
do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Vila Velha,
Vitor Amorim, disse que o protagonismo de Cunha e Renan é favorecido tanto pela
própria dinâmica dos cargos que executam no Legislativo quanto pela inclusão de
nome de parlamentares nas fraudes na Petrobras, criando um cenário para que
eles saiam fortalecidos diante da fragilidade dos colegas.
“Não há
constrangimentos para os presidentes das duas Casas obterem apoios.
Fortalecê-los, inclusive, pode ser visto como uma forma de atacar,
indiretamente, o governo federal, a quem está submetida a Polícia Federal,
responsável pela condução das investigações”, observou Vitor Amorim.
Os dois,
segundo o professor de ciências políticas da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), Jorge Almeida, aproveitam-se do momento ruim da presidente, que tem
sido criticada pelo ajuste fiscal encaminhado ao Congresso, para medir forças
com o governo aprovando projetos que antes não estavam na pauta das Casas. “No
fim das contas, tudo isso envolve a pressão por participação e cargos no
governo”, analisou.
“Elas vão
desde a simples aprovação dos projetos colocados em pauta à troca de cargos e
recursos por apoio ao governo federal no Congresso. Vimos isso claramente na
votação da medida provisória que altera as regras do seguro-desemprego”,
completou Vitor Amorim.
A convocação
do vice-presidente, Michel Temer, para amenizar a tensão no Congresso Nacional
é vista pelos especialistas como positiva, pois vai ajudar a acomodar setores
do PMDB, diminuindo a pressão sobre o governo federal.
“Na medida
em que o PMDB está mais fortalecido no Ministério e no comando do governo
tenderá a assumir mais compromissos com o governo no Congresso. Michel Temer é
um político hábil nas negociações. Isto deve ajudar o governo a aprovar
projetos no Congresso”, disse o professor da Escola de Sociologia e Política de
São Paulo (FESPSP), Aldo Fornazieri.
Em
contrapartida, Jorge Almeida observa que o fato de Dilma colocar na articulação
política Temer e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pode trazer danos
políticos posteriores a ela, pois tira a visibilidade dela como negociadora.
“Ela acaba demonstrando que não pode fazer isso (negociação). Ao colocar
pessoas que não são do PT na articulação, ela resolve uma questão imediata, mas
está criando um problema a longo prazo. Está se enfraquecendo politicamente.
Isso não significa que em quatro anos ela não possa mudar a postura”, avaliou
Almeida.
fonte: DN
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