Carlos Fernandes, DCM
Não resta mais qualquer sombra de dúvidas sobre a orquestração realizada entre a PF, o MPF, Sérgio Moro e a grande imprensa nacional para dar curso a um golpe de Estado no seio da democracia brasileira.
Todo o processo que vem sendo construído desde apremiação dada ao juiz Moro pela Rede Globo para fortalecer a sua imagem de paladino da justiça até chegarmos ao dia de hoje é o descaramento da parceria mídia-judiciário em prol de um objetivo comum.
Se antes os vazamentos ilegais eram realizados de forma velada e praticados nos canais submersos que ligam o núcleo duro da operação Lava Jato às edições dos jornais da grande mídia familiar, agora os pudores foram postos de lado e tudo é feito em plena luz do dia.
A 24ª fase da operação Lava Jato obedeceu a uma seqüência de fatos planejada minuciosamente para que o grande espetáculo de Moro atingisse o seu ápice no momento em que o “tudo ou nada” foi lançado.
Já existiam rumores de que algo como a condução coercitiva do ex-presidente Lula poderia ocorrer há alguns dias atrás, mas era preciso outros fatores para que a cena de policiais federais chegando ao prédio de Lula ganhasse contornos dramáticos contrapondo-se a um simples depoimento.
Primeiro veio a prisão temporária, já convertida para prisão preventiva, do marqueteiro das últimas campanhas do PT, João Santana e sua esposa, sem qualquer fundamento jurídico que sustente a manutenção do seu encarceramento.
Depois disso, para ornamentar o caminho, ninguém melhor do que a grande mídia para gerar fatos independentemente de sua veracidade. A divulgação pela revista IstoÉ de uma delação já negadadirecionou providencialmente os holofotes para Dilma e Lula apenas um dia antes do desfecho programado.
Na madrugada desta sexta (04/03) o editor da Época, Diego Escosteguy, ostentou as suas informações privilegiadas e postou no Twitter a prova cabal de que todos da imprensa golpista já sabiam do que estava para acontecer.
Jornalistas da Globo sequer dissimularam e já estavam a postos em vários lugares estratégicos antes mesmo da chegada dos policiais e auditores da Receita Federal.
Um verdadeiro show circense foi montado justamente no momento em que houve a substituição do ministro da Justiça e de que pesquisas de opinião indicam que a oposição perde cada vez mais espaço nas eleições de 2018.
Seria cômico se não fosse trágico. Constatar que a independência dada por Lula e Dilma às instituições desse país se volta justamente contra eles e tenta suplantar a própria democracia é algo digno do mais extremo surrealismo.
O Estado Democrático de Direito está sendo substituído por verdadeiros linchadores morais que pouco se diferenciam dos criminosos que resolvem fazer “justiça” com as próprias mãos e são prontamente defendidos por Sheherazades da vida.
A seqüência de arbitrariedades, abusos de poder, vazamentos ilegais e toda ordem de desrespeito ao Código Penal estão sitiando as liberdades individuais sob os olhos da Supremo Tribunal Federal.
Enquanto tudo isso acontece, a senhora Cunha e sua filha, para ficarmos num só caso, desfilam livremente na alta sociedade carioca sem merecerem qualquer atenção por parte da justiça paralela de Curitiba. Não vem ao caso.
Publicado no site Pragmatismo Político
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