segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Fósseis apreendidos em São Paulo devem retornar a Santana do Cariri


Fósseis apreendidos em São Paulo deverão retornar ao Cariri. O pedido de repatriamento foi feito por meio do Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca). O material deverá chegar na região nos próximos meses. O pedido foi encaminhado pela delegacia da Polícia Federal de Juazeiro do Norte, para a mesma instituição, com sede no interior de São Paulo, onde foram apreendidas 27 placas, em outubro do ano passado. Elas foram levadas de Nova Olinda e do Crato, para serem repassadas a traficantes, no interior de São Paulo e Minas Gerais.


Foram cumpridos, no período da apreensão, sete mandados de prisão e nove de busca a apreensão, inclusive no Cariri, com detenção de estrangeiros. A suspeita é de tráfico internacional, para museus dos Estados Unidos, Alemanha e até da China, onde já há grande presença de peças da região.

Essa não é a primeira vez que acontece o pedido de repatriação de material fóssil apreendido, fruto de contrabando na região. Há cerca de quatro anos, foram devolvidas para compor acervo na região, pedras de peixe encontradas pela Polícia Federal. Os itens são encaminhados para o Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri, espaço de salvaguarda. São mais de nove mil peças no local.

O tráfico na região é preocupante, segundo pesquisadores, no que pese a grande quantidade de fósseis importantes, do ponto de vista das pesquisas na região. Exemplo disso é o estudo da paleobotânica, com material que pode explicar a origem de plantas, como as samambaias.

O professor Álamo Feitosa, da Urca, destaca a mudança de perfil das pessoas que traficavam os fósseis, na década de 60. Eram os chamados ´peixeiros´, que buscavam na comercialização desse material, para sobreviver às dificuldades causadas pela seca. Vários depoimentos sobre o assunto hoje estão contidos no documentário idealizado pelo professor,titulado ´Formação Romualdo - Um Milagre Paleontológico´. Segundo ele, a estiagem acabava obrigando o peixeiro, escavador de fósseis, a fazer isso por sobrevivência e até também por ignorância, e não tinha nenhuma perspectiva de vida.

Ele destaca os programas sociais do governo, o aspecto educacional, pela própria universidade, museu, e o Geopark Araripe, que tem desempenhado um papel de conscientização, como meio de minimizar essa situação. Mas destaca que há uma intenção de se levar da região peças de qualidade. Segundo o pesquisador, hoje são levados holótipos da região, peças para descrição de novas espécies e que tornam um museu importante. No museu de Santana do Cariri, por exemplo, são 16 peças do gênero. Pesquisadores da Urca saem para realizar pesquisas com holótipos em museus de outras partes do mundo, como nos Estados Unidos.

(DN)

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