Uma equipe de paleontólogos inicia no próximo dia 20, neste
município, um trabalho de escavação que irá durar 10 dias, em plena área
urbana. A pesquisa faz parte das atividades que vêm sendo realizadas desde
2011, na maior escavação controlada do Nordeste, que acontece na área da Bacia
Sedimentar do Araripe e envolve estudiosos de universidades brasileiras, com a
colaboração de pesquisadores estrangeiros. Fósseis inéditos poderão ser
revelados em mais uma etapa de trabalho na região do Cariri.
O projeto é desenvolvido por meio da
Universidade Regional do Cariri (Urca), em parceria com a Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) e Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Já foram retiradas das escavações,
iniciadas em Araripe, cerca de quatro mil fósseis. Desse total, algumas
importantes descobertas anunciadas para o mundo científico, como o camarão
Kellnerius jamacaruensis e a asa de um dos maiores pterossauros (répteis voadores)
já achados no planeta, o Tropeognathus mesembrinus.
Em maio deste ano foi anunciado o menor
camarão fossilizados já visto no mundo científico, o Araripenaeus timidus, que
estava junto à coleção de fósseis do Museu de História Natural Barra de Jardim.
Novas descobertas poderão surgir a
partir dessas atividades, que mexem com a rotina dos moradores de Jardim.
Paleoecologia
As escavações na região são feitas
envolvendo um espaço de 100 metros quadrados por 9,5m² de profundidade. Os
trabalhos têm a coordenação do professor Álamo Feitosa, na pesquisa voltada
para os Estudos Sistemáticos e Paleoecológicos da Fauna de Vertebrados das
Formações Crato e Romualdo (grupo Santana) da Bacia do Araripe.
Para o coordenador, essa é mais uma
importante etapa das pesquisas, que envolve a quinta e penúltima escavação,
para verificar as camadas estratigráficas de onde são retirados os fósseis,
para serem analisados e descritos. "Não é comum desenvolver esse tipo de
pesquisa mais aprofundada nas escavações, por envolver altos custos.
Normalmente, esse trabalho é realizado mais por pesquisadores
norte-americanos", diz Álamo.
Retirada
Durante as atividades, a expectativa é
que sejam retiradas, da área, cerca de mil concreções carbonáticas. Serão os
fósseis da formação romualdo, do período cretáceo inferior, de mais de 100
milhões de anos.
Os achados mais comuns são os peixes
fossilizados, mas Álamo não descarta a possibilidade de haver grandes surpresas
nos próximos dias, como é sempre surpreendente essa atividade que é baseada em
descobertas, como achados de dinossauros, crocodilomorfos, pterossauros e
outras espécies.
"A cidade de Jardim repousa dentro
de uma jazida fossilífera", afirma o coordenador das pesquisas se
referindo à grande quantidade de fósseis que são encontradas desde as áreas
rasas no município.
Em mais de três anos de atividade, os
fósseis encontrados pelos pesquisadores continuam sendo avaliados, utilizados
na formação de novos alunos de cursos como biologia, na Urca, e dos alunos das
universidades parceiras do trabalho.
Parte dessas peças são encaminhadas
para o Museu de Paleontologia de Santana do Cariri, administrado pela
universidade, além do próprio Laboratório de Paleontologia da instituição. No
caso dos fósseis duplicados, são encaminhados também para o Museu Nacional e
para a UFPE.
A pesquisa vem sendo realizada no
Cariri com o apoio, principalmente, do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico Nacional (CNPq), da Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e do Tecnológico (Funcap) e do Geopark Araripe.
Diário do Nordeste
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