Para aplacar temores de que um eventual governo seu seja uma aventura repleta de incertezas, a nova candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, vai se apresentar como opção segura. Seu grupo político começa a trabalhar em uma série de sinalizações para setores sensíveis como o agronegócio e o de pesquisa científica.
Em sua primeira aparição como candidata, Marina também já tentou apaziguar os ânimos do mercado financeiro. Garantiu que manterá o tripé inflação dentro da meta, câmbio flutuante e controle fiscal. E disse que vai assegurar, em lei, autonomia para o Banco Central.
Outro recado para o setor financeiro é a composição de sua equipe, que conta com Neca Setúbal, acionista do banco Itaú, como coordenadora do programa de campanha. A entrada do candidato a vice do tucano Geraldo Alckmin, Márcio França, no comitê financeiro também é vista como exemplo de que a candidata está mais aberta ao contraditório desde que assumiu a corrida presidencial. Marina e França trocavam fortes críticas desde que a candidata ingressou no PSB, em outubro passado.
Embora tenha opiniões consideradas radicais sobre temas como transgênicos e legalização de drogas, por exemplo, Marina vai deixar claro que não fará alterações legais no que já está regulamentado. No caso da permissão de pesquisas com células-tronco embrionárias, a ex-ministra também não fará revisões. Ainda que só concorde com o uso de células-tronco adultas em estudos científicos.
O novo Código Florestal é outro tema que gera anseios por parte do agronegócio. Durante a discussão da nova legislação, Marina se manifestou contra flexibilizações e anistia de multas por desmatamentos feitos até 2008, o que acabou aprovado. No entanto, sua equipe afirma que esse debate está superado e que agora o importante é fazer com que a lei seja cumprida por meio da implementação do Cadastro Ambiental Rural, um raio-X da propriedade rural que definirá áreas que eventualmente terão de ser recuperadas.
"A Marina não vai colocar a agenda pessoal acima da agenda do País. Não vamos tentar reverter temas vencidos", afirma um assessor.
Aliados pontuam que se ela for presidente tampouco tomará a iniciativa de modificar a legislação em relação ao aborto ou à liberalização da maconha. Mas que caso haja um movimento da sociedade para que os temas sejam revistos, não fugirá do debate. Com relação ao casamento gay, Marina mantém que sejam respeitadas as religiões de cada um, mas que todos os direitos civis sejam estendidos integralmente aos homossexuais, inclusive o da adoção de crianças.
Quem a conhece, no entanto, antevê um dilema que Marina terá de encarar caso vire presidente: o de confrontar seus sonhos com a realidade.
Diário do Nordeste
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