segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Projetos visam reduzir partidos políticos

O termo "sopa de letrinhas", tão usado para definir o Congresso Nacional, pode estar perto de perder o sentido. A alcunha, justificada pela profusão de siglas partidárias com assentos na Câmara Federal, vai se tornar obsoleta caso sejam aprovadas duas dentre as muitas propostas da reforma política, defendida pela presidente Dilma Rousseff em seu primeiro discurso pós-reeleição.
A Câmara dos Deputados eleita em 2014 conta com 28 partidos, que dividem 513 cadeiras. Se aplicado à situação atual o fim da coligação para eleição de deputados, cinco partidos seriam automaticamente excluídos da casa. Em uma mudança ainda mais profunda, que incluiria o estabelecimento da cláusula de barreira, 182 cadeiras ficariam vagas, e apenas sete partidos permaneceriam com representação na Câmara (PT, PMDB, PSDB, PSD, PP, PSB e PR).
Tomemos por exemplo o PMDB. Em 2014, o partido elegeu 66 deputados. Mas, se fossem proibidas as coligações proporcionais ou se fosse instituída a cláusula de barreira para partidos, o PMDB contaria com 102 ou 89 parlamentares, respectivamente. Como isso é possível?
Como o PMDB fez 166 coligações nos estados, os votos recebidos pelo partido acabaram repartidos entre os aliados, engordando a bancada de quem não foi votado e esvaziando a do PMDB, que havia sido escolhido pelo eleitor na urna.

"Há dois problemas nisso. O primeiro é que a coligação transfere voto sem que o eleitor tenha informação disso. Então a pessoa pode ter votado em um partido da situação, mas, pela composição da coligação estadual, acaba elegendo um deputado de oposição", explica o cientista político Jairo Nicolau, da UFRJ, que segue: "O segundo é que o modelo favorece a dispersão dos partidos. Essa fragmentação dificulta aprovação de leis e favorece chantagens e achaques".

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