Para melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS) é preciso mais dinheiro. O subfinanciamento do sistema é um gargalo apontado por todos os especialistas e gestores ouvidos pelo O POVO. Segundo o secretário de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) é gasto com saúde pública. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que para ter sistema universal (como o SUS) deve-se gastar entre 7% e 7,5% do PIB, no mínimo”, informa o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), José Maria Pontes.
O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, denuncia uma queda nos investimentos federais na área da saúde. “Há 10 anos, o Governo Federal contribuía com 60% dos recursos da saúde. Hoje, isso caiu para 44%”. Por isso, as entidades médicas reivindicam que a União invista 10% do orçamento na saúde.
Já Odorico Monteiro diz que os investimentos em saúde no Brasil passam de 8% do PIB, semelhante a países da Europa que adotaram sistema universal de saúde. A diferença é que, no Brasil, 4,8% do PIB está nas mãos dos planos de saúde privados. E Odorico reconhece a distorção: “Nosso per capita em saúde (pública) é 50% do que é investido no Chile e Argentina e 25% do que é gasto com pacientes dos planos de saúde no Brasil”.
O secretário da Saúde do Estado, Arruda Bastos, estima ser necessário um aporte de R$ 200 milhões nos recursos da saúde no Ceará para fazer o sistema funcionar a contento. Hoje, o orçamento é de R$ 2 bilhões anuais.
O médico Florentino Cardoso critica também a politização da gestão da saúde. “Muitos dos cargos de gestão na saúde pública do País, nos três níveis de governo, são ocupados por pessoas que não têm capacidade ou formação adequada”. Além disso, ele cita a corrupção e o mau uso do dinheiro público como outros problemas.
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