Neste período da Quaresma, em que os cristãos são convocados ao jejum, penitência, fraternidade e orações, foi realizada, nesta cidade, a VIII Caminhada da Fé à capela de Maria de Bil, na localidade de Sanharol, zona rural. A caminhada reuniu centenas de fiéis que mais uma vez refizeram o caminho do martírio de Maria Romeiro, que foi barbaramente assassinada por seu marido, Bil, em 11 de março de 1926.
A concentração dos devotos é feita na casa do produtor rural, Paulo Santiago. De lá, os peregrinos percorreram cerca de três quilômetros e passam por sete cruzes às margens da estrada de terra, em meio às pedras, grotas e lama por causa da chuva caída durante a madrugada até chegar à capela.
Em cada cruz, há uma parada para preces e a reza de um mistério do terço. Entre os caminhantes dessa jornada de fé, estão adultos, jovens e crianças, que se apegaram a Maria em momentos de dificuldades. Eva Mendes, uma das participantes da peregrinação, disse que pediu a intercessão de Maria de Bil quando teve que enfrentar uma cirurgia na mama. "Tive fé e fui bem sucedida. Ela é uma mártir".
De acordo com pesquisa realizada pela Secretaria de Cultura do Município, Maria veio de Alagoas, na companhia da irmã, Madalena e de seus pais, Clementino Antonia Romeiro, em 1920. Ela conheceu Bil, que era da região de Iguatu, no Centro-Sul do Ceará, com quem se casou em março de 1922.
O crime foi motivado passionalmente pelo envolvimento de Bil com a sua cunhada, Madalena, que estaria grávida dele. Ao descobrir a traição, Maria deixou Bil e passou a morar com os seus pais. O marido insistia em reatar o casamento, mas a mulher não aprovava a ideia, sob os conselhos do seu pai.
A recusa de Maria deixou Bil enfurecido que passou a planejar a sua morte. Maria estava grávida do terceiro filho, quando foi morta cruelmente por Bil, às 10h do dia 11 de março de 1926, quando seguia para o roçado ao lado de outras companheiras, onde deixaria o almoço para o seu pai e trabalhadores. Bil fugiu da cena do crime e nunca mais foi visto.
Em meio às crendices populares alguns acreditam que Bil teria sido capturado e morto por Clementino Romeiro, pai de Maria. O certo é que, após o bárbaro crime, ninguém soube decerto do paradeiro do criminoso.
O sofrimento de Maria comoveu a população local que passou a frequentar o local do crime em romaria e pedir a sua intercessão ao santos em momentos de aflição. As supostas graças alcançadas fazem da pequena capela, erguida no alto da Serra do Inharé por seu Zé Pretinho, em 1957, um proprietário de terras naquela região, um ponto certo de visitação dos fiéis.
A romaria recebeu apoio da administração municipal e o prefeito de Várzea Alegre, Zé Helder, disse que o evento vem crescendo a cada ano.
fonte: DN
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