quinta-feira, 27 de março de 2014

34 anos da morte de Dom Oscar Romero: ainda sem punição



Na última segunda-feira, 24 de março, completam-se 34 anos da morte de Dom Oscar Arnulfo Romero, assassinado em 1980 por um atirador do exército salvadorenho, enquanto celebrava uma missa na capela do hospital da Divina Providência, na Colônia Miramonte, em San Salvador. Dom Romero passou a ser perseguido durante a guerra civil em El Salvador, pois assumiu uma postura de defesa dos índios, pobres e perseguidos políticos pelas milícias paramilitares. Tornou-se um dos símbolos da Teologia da Libertação na América Latina.

"Em nome de Deus, em nome deste sofrido povo cujos lamentos sobem até o céu cada dia mais tumultuoso, lhes suplico, lhes rogo, lhes ordeno, que cesse a repressão”. (homilia de 23 de março de 1980).

Com homilias como esta o arcebispo de San Salvador despertou a ira das elites e dos militares salvadorenhos. Mas ele não se utilizava só da palavra. Semanas antes de sua morte, Monsenhor Romero intensificou as denúncias contra o governo e os militares pelas violações aos direitos humanos. O religioso também chegou a pedir aos Estados Unidos que encerassem a ajuda militar a El Salvador. A cada domingo, ele fazia uma contagem dos mortos pela violência política.

Dom Romero já havia recebido ameaças de morte. Inclusive, no dia de seu assassinato, foi alertado para não celebrar, pois a missa havia sido divulgada na imprensa, o que poderia ser um aviso e uma oportunidade para os que o perseguiam.

"Que este corpo imolado e esta carne sacrificada pelos homens nos alimente também para dar o nosso corpo e o nosso sangue ao sofrimento e à dor, como Cristo, não para si, mas para dar conceitos de justiça e de paz ao nosso povo”. Assim terminou sua última homilia.

O assassinato de Monsenhor Romero foi um dos fatos mais marcantes da guerra civil salvadorenha, que se estendeu de 1980 até 1992 deixando um saldo de mais de 75 mil mortos, além das incontáveis violações aos direitos humanos. Até hoje, seu assassino não foi julgado. A Lei de Anistia, assinada em 1993, deixou centenas de crimes, assim como o de Dom Romero, sem aplicação da justiça.

Para que sua história de vida seja cada vez mais lembrada e seu exemplo copiado, Monsenhor Romero será beatificado provavelmente em 2017, quando ele completaria 100 anos de vida. A informação foi dada à Notimex por Luisiana de Beltrán, uma das representantes da Fundação Romero.

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