As coleções de livros do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) não atendem às peculiaridades pedagógicas da primeira infância (de zero a três anos) e os docentes e responsáveis pelas bibliotecas de instituições de ensino não estão aptos para realizar atividades de formação de leitores com crianças nessa idade. É o que afirma pesquisa coordenada por Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto. A pesquisa constata dificuldades no processo de formação do leitor e expõe a necessidade de se pensar na educação literária desde a mais tenra idade.
A pesquisa "Literatura e primeira infância: dois municípios em cena e o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) na formação de crianças leitoras” foi realizada durante o período de 2011 a 2013 em instituições públicas de educação infantil das cidades de Marília e Presidente Prudente, Estado de São Paulo. A pesquisa contou com convênio da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) e o apoio de cooperação da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).
De acordo com reportagem feita pela Agência Fapesp, a pesquisa constatou que 80% das instituições das cidades de Marilia e Presidente Prudente não usam o acervo recebido do PNBE, programa instituído pelo MEC em 1997. Para a pesquisadora Cyntia, esse dado é decorrente do despreparo da equipe de docentes e responsáveis pelas bibliotecas das instituições de ensino. De acordo com ela, além de ler e contar histórias, é preciso que as crianças tenham mais acesso ao livro para poder explorá-lo mais com as mãos e, assim, despertar o processo de formação como leitor. A coordenadora da pesquisa alerta que alguns educadores e mediadores de leitura acreditam que só o fato de contar histórias ou ler em voz alta seja o suficiente para se iniciar a formação do leitor.
Os pesquisadores do projeto pretendem, com base nos dados colhidos durante a pesquisa, criar uma proposta de formação de docentes e mediadores de leitura e um programa para as crianças com idade de 0 a 3 anos, que desenvolva atividades de leitura com o acervo concedido pela PNBE. Os pesquisadores também pretendem continuar os trabalhos nas instituições das cidades de Marília e Presidente Prudente, fazendo avaliações e desenvolvendo práticas de leituras com os professores das unidades de ensino. Para Cyntia, "As instituições de ensino infantil têm a responsabilidade de propiciar às crianças o contato com obras literárias da melhor qualidade, respeitando suas especificidades de desenvolvimento e sem subestimar sua capacidade intelectual”.
Está previsto o lançamento de dois livros, frutos da pesquisa, no 18º Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, que ocorrerá entre 11 e 14 de novembro em Fortaleza, Estado do Ceará. O primeiro livro discute a função do mediador da leitura e a criança como ouvinte, o título provisório é "Literatura e Primeira Infância I: da contação de histórias e da proferição”. O segundo livro com título provisório "Literatura e educação infantil: tateios, experimentação e sentidos dos livros para/com os pequenos”, abordará o desenvolvimento infantil e as especificidades dos livros voltados às crianças de 0 a 3 anos.
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