Se a expectativa maior era a de que o encontro entre o governador Cid Gomes (PROS) e o senador Eunício Oliveira (PMDB), ontem, no Palácio da Abolição, fosse esclarecer as dúvidas sobre como se dará o cenário eleitoral em torno da sucessão para o Governo do Estado, os dois, ao evitarem falar sobre o que conversaram, deixaram as mesmas interrogações de antes, com Eunício dizendo querer ser candidato e Cid afirmando que só tratará de nomes de candidatos ao Governo posteriormente.
A conversa dos dois já estava ensaiada. Pelo noticiário político
anterior, com Eunício dizendo ser a vez dele de ser candidato ao Governo e de
Cid Gomes afirmar que só trataria desse assunto mais para perto do mês de
junho, nenhum fato novo deveria ser tratado entre os dois aliados desde o
pleito estadual de 2006, quando Cid foi eleito para o seu primeiro mandato.
No Palácio da Abolição, nem Cid Gomes e nem Eunício Oliveira
relataram o teor da conversa que tiveram, reservadamente. Duas horas depois da
reunião, no entanto, a assessoria do senador informou ao Diário do Nordeste que
o governador alegou, no encontro, que não poderá tomar nenhuma decisão antes de
haver uma definição sobre a possibilidade de ele renunciar ao mandato, na
próxima semana, para viabilizar uma possível candidatura de Ciro Gomes ao
Senado, assunto destacado pelo Diário, no último domingo.
De acordo com a assessoria de Eunício Oliveira, após o senador
explicar a vontade de o PMDB lançar o nome dele para disputar o Governo do
Estado, o governador ressaltou que qualquer definição sobre esse processo só
será alcançada após a próxima sexta-feira, prazo final para a
desincompatibilização do cargo, e depois de conversas com os demais partidos da
aliança.
Aliados
Logo após o encontro na sede do Governo, o senador participou de
uma reunião interna com alguns correligionários do PMDB para expor o que foi
discutido na conversa com o governador Cid Gomes, informou sua assessoria à
imprensa. O governador Cid Gomes teria feito o mesmo a um grupo de liderados
Eunício Oliveira chegou ao Palácio da Abolição em torno das 13h e,
após cerca de uma hora e meia de conversa com o governador a portas fechadas,
somente Cid Gomes saiu pela entrada principal da sede do Governo, acompanhado
apenas do seu chefe de Gabinete, Danilo Serpa. O senador peemedebista preferiu
evitar o contato com a imprensa e deixou o Palácio por um saída alternativa.
"Ele saiu pela direita, que foi por onde ele entrou. Eu estou
indo para casa, que é aqui do outro lado da rua", explicou Cid Gomes, que
manteve o clima de mistério em torno da conversa com Eunício Oliveira ao
repetir em três momentos seguidos que apenas Eunício Oliveira deveria explicar
os principais assuntos discutidos no encontro da tarde de ontem.
"Não há nada de extraordinário em um senador da República se
encontrar com um governador do seu Estado. Penso que, como foi uma audiência
que ele pediu, quem deve falar sobre ela é ele. Depois, ele marca um encontro
com vocês", frisou o governador ao justificar que não iria falar sobre a
conversa que teve com Eunício Oliveira.
Professores
Logo que o senador chegou ao Palácio da Abolição, a assessoria de
Eunício foi informada que o encontro com o governador não deveria demorar tanto
tempo, já que, na agenda de Cid Gomes, ele deveria receber por volta das 15h os
membros do Sindicato dos Professores e Servidores em Educação do Estado do
Ceará. O deputado Artur Bruno confirmou a audiência ao colocar em sua página,
na Internet, pouco antes das 16h, estar participando da audiência
Já sobre a possibilidade de renúncia para beneficiar o irmão, Ciro
Gomes, com uma candidatura ao Senado, o governador assegurou não haver nenhuma
novidade sobre a decisão dele em relação a isso. "Não há nenhuma mudança
naquilo que eu já declarei. A minha disposição é de ficar no Governo, porque eu
tenho um conjunto de ações que eu me realizaria muito em concluí-las, mas tem a
possibilidade do Ciro se candidatar ao Senado", lembrou Cid Gomes.
Prazo
O governador revelou ter conversado com Ciro na última
quinta-feira, mas alegou que nenhuma encontro até a próxima sexta-feira terá um
caráter definitivo. "Nenhuma conversa será conclusiva. Nós estamos
estudando, vendo as possibilidades, mas ainda temos tempo até a sexta-feira da
semana que vem", apontou Cid Gomes.
Pelo Calendário Eleitoral, o prazo de desincompatibilização para
quem queira ser candidato em outubro próximo ou tornar parente seu, até o
terceiro grau, elegível, terá que deixar o cargo executivo que esteja ocupando
até o dia 5 de abril, seis meses antes do dia da votação. Na verdade, no dia 5
de abril ele já deverá estar fora do cargo, o que o obriga a renunciar, no caso
de detentor de cargo executivo, ou se afastar, no caso de ocupar função
pública, até o fim do dia 4 de abril, sexta-feira próxima para evitar qualquer
surpresa com as publicações oficiais que deverão comprovar, oficialmente, a
desincompatibilização.
DN
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