domingo, 4 de maio de 2014

Morre bispo de Goiás, Dom Tomás Balduíno

O corpo do bispo emérito da cidade de Goiás e fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dom Tomás Balduíno, está sendo velado até as 10 horas desse domingo (4), na Igreja São Judas Tadeu, no Setor Coimbra, em Goiânia, onde será concelebrada uma missa. Em seguida será transladado para a cidade de Goiás (GO), para ser velado na Catedral da cidade até às 9 horas da segunda-feira, 5 de maio. Logo após será sepultado na própria Catedral.

Ele morreu na última sexta-feira (2), às 23h30, em Goiânia, em decorrência de uma trombo embolia pulmonar. O religioso tinha 91 anos .

Dom Tomás Balduíno ficou internado de 14 a 24 de abril no Hospital Anis Rassi, em Goiânia. Teve alta hospitalar no dia 24, mas foi novamente internado no dia seguinte, no Hospital Neurológico, também em Goiânia, onde permaneceu até ontem.

Frade dominicano, ele nasceu na cidade de Posse, em Goiás, no dia 31 de dezembro de 1922. Filho de José Balduino de Sousa Décio, goiano, e de Felicidade de Sousa Ortiz, paulista, ele foi batizado com o nome de Paulo Balduino de Sousa Décio. Ao se tornar religioso, recebeu o nome de Frei Tomás, como era costume à época.

Em 1957, foi nomeado superior da missão dos dominicanos da Prelazia de Conceição do Araguaia (Pará), onde começou a conviver com indígenas e trabalhadores rurais. Na época, a Pastoral da Prelazia acompanhava sete grupos indígenas.

Para desenvolver um trabalho mais eficaz com os índios, fez mestrado em antropologia e linguística na Universidade de Brasília até 1965. Estudou e aprendeu a língua dos índios xicrins, dos grupos Bacajá e Kayapó.

Visando atender melhor a enorme região da Prelazia, que abrangia todo o Vale do Araguaia paraense e parte do baixo Araguaia mato-grossense, o bispo da reforma agrária e dos índio, como ficou conhecido mais tarde, fez curso de piloto de aviação. Amigos solidários da Itália o presentearam com um teco-teco com o qual prestou serviço aos povos indígenas e também ajudou a salvar pessoas perseguidas pela Ditadura Militar.

Em 1965, ano em que terminou o Concílio Ecumênico Vaticano II, foi nomeado Prelado de Conceição do Araguaia. Lá viveu de maneira determinante e combativa os primeiros conflitos com grandes empresas agropecuárias que se estabeleciam na região com os incentivos fiscais da então Sudam, e que invadiam áreas indígenas, expulsavam famílias sertanejas, os posseiros, e traziam trabalhadores braçais de outros estados, sobretudo do Nordeste brasileiro, que eram submetidos a regimes similares ao trabalho escravo.
Foi nomeado bispo da Cidade de Goiás em 1967, onde permaneceu durante 31 anos, até 1999. Ao completar 75 anos, renunciou e mudou-se para Goiânia. Seu ministério episcopal coincidiu, a maior parte do tempo, com a ditadura militar (1964-1985).

Dom Tomás teve papel importante na criação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. Foi presidente do Cimi, de 1980 a 1984, e presidente da CPT, de 1999 a 2005.

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