O corpo do bispo emérito da cidade de Goiás e fundador da
Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dom Tomás Balduíno, está sendo velado
até as 10 horas desse domingo (4), na Igreja São Judas Tadeu, no Setor
Coimbra, em Goiânia, onde será concelebrada uma missa. Em seguida será
transladado para a cidade de Goiás (GO), para ser velado na Catedral da
cidade até às 9 horas da segunda-feira, 5 de maio. Logo após será
sepultado na própria Catedral.
Ele morreu na última sexta-feira (2), às 23h30, em Goiânia, em
decorrência de uma trombo embolia pulmonar. O religioso tinha 91 anos .
Dom Tomás Balduíno ficou internado de 14 a 24 de abril no Hospital Anis
Rassi, em Goiânia. Teve alta hospitalar no dia 24, mas foi novamente
internado no dia seguinte, no Hospital Neurológico, também em Goiânia,
onde permaneceu até ontem.
Frade dominicano, ele nasceu na cidade de Posse, em Goiás, no dia 31 de
dezembro de 1922. Filho de José Balduino de Sousa Décio, goiano, e de
Felicidade de Sousa Ortiz, paulista, ele foi batizado com o nome de
Paulo Balduino de Sousa Décio. Ao se tornar religioso, recebeu o nome de
Frei Tomás, como era costume à época.
Em 1957, foi nomeado superior da missão dos dominicanos da Prelazia de
Conceição do Araguaia (Pará), onde começou a conviver com indígenas e
trabalhadores rurais. Na época, a Pastoral da Prelazia acompanhava sete
grupos indígenas.
Para desenvolver um trabalho mais eficaz com os índios, fez mestrado em
antropologia e linguística na Universidade de Brasília até 1965.
Estudou e aprendeu a língua dos índios xicrins, dos grupos Bacajá e
Kayapó.
Visando atender melhor a enorme região da Prelazia, que abrangia todo o
Vale do Araguaia paraense e parte do baixo Araguaia mato-grossense, o
bispo da reforma agrária e dos índio, como ficou conhecido mais tarde,
fez curso de piloto de aviação. Amigos solidários da Itália o
presentearam com um teco-teco com o qual prestou serviço aos povos
indígenas e também ajudou a salvar pessoas perseguidas pela Ditadura
Militar.
Em 1965, ano em que terminou o Concílio Ecumênico Vaticano II, foi
nomeado Prelado de Conceição do Araguaia. Lá viveu de maneira
determinante e combativa os primeiros conflitos com grandes empresas
agropecuárias que se estabeleciam na região com os incentivos fiscais da
então Sudam, e que invadiam áreas indígenas, expulsavam famílias
sertanejas, os posseiros, e traziam trabalhadores braçais de outros
estados, sobretudo do Nordeste brasileiro, que eram submetidos a regimes
similares ao trabalho escravo.
Foi nomeado bispo da Cidade de Goiás em 1967, onde permaneceu durante
31 anos, até 1999. Ao completar 75 anos, renunciou e mudou-se para
Goiânia. Seu ministério episcopal coincidiu, a maior parte do tempo, com
a ditadura militar (1964-1985).
Dom Tomás teve papel importante na criação do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em
1975. Foi presidente do Cimi, de 1980 a 1984, e presidente da CPT, de
1999 a 2005.
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