sexta-feira, 24 de julho de 2015

O deputado que quer a pena de morte preventiva no Brasil não está sozinho

Publicado no site Diário do Centro do Mundo:
Anote este nome: Larte Bessa.
Se alguém quiser saber como as bancadas da bala e a evangélica estão atirando o Brasil no século passado, é preciso prestar atenção nele.
Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, Bessa, que foi relator da comissão da maioridade penal na Câmara, contou como encontrou uma solução simples e genial para a questão da criminalidade.
“Daqui a uns vinte anos, nós vamos reduzir pra 14, depois pra 12, e vai baixando, até chegar na barriga da mulher”, afirmou.
“Até lá, os cientistas já descobriram uma forma de descobrir se o moleque é criminoso e então não vai deixar nascer. Aí vai resolver o problema”.
A frase foi pinçada pela revista Fórum. Diante da repercussão, Bessa publicou um desmentido, dizendo que nunca “falou em aborto”. O jornalista inglês acabou por colocar no ar o áudio completo da conversa.
Na gravação, ouve-se o repórter, estupefato, perguntar ao interlocutor: “Desculpa, você está falando sério?” Sim, claro que estava falando sério. Bessa não se faz de rogado e repete tudo.
O inventor da pena de morte preventiva é deputado pelo DF e ex-delegado. Figura controvertida, valentão de filme do Mazzaroppi, ficou famoso quando chamou para a briga jovens que o vaiavam quando subiu ao palco de um show em 2009. “Tudo vagabundo”, diz ele, ao microfone.
A eugenia que está pregando já teve seu momento no Brasil. O artigo 138 da Constituição de 1934 estabelecia o seguinte: “incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos das leis respectivas, estimular a educação eugênica”. Ela deveria ser aplicada a “órfãos e abandonados, pretos ou pardos, débeis ou atrasados”.
Era uma influência do nazismo. Um dos maiores divulgadores desse determinismo biológico, por aqui, era o líder integralista Plínio Salgado. Nos anos 30, o professor, escritor e político Afrânio Peixoto enxergava a segregação de crianças e adolescentes “degenerados” como forma de garantir a “saúde da Nação”.
O eugenismo foi atirado na lata do lixo da história como “teoria científica” depois que a barbárie nazista nos campos de concentração ficou conhecida.
Laerte Bessa é um homem ignorante e provavelmente não saiba de nada disso. É duvidoso que tenha noção de quem seja Plínio Salgado, seu tio espiritual — mas isso talvez seja mais assustador. Talvez tanto quanto saber que ele não está sozinho.
Texto de Kiko Nogueira
Nosso comentário: quando a gente imaginava que tudo que era de preconceito, homofóbico, racista já tinha sido divulgado eis que no Brasil ressurge gente, isso mesmo, ressurge teses medievais e nazistas saindo da boca de deputados preconceituosos e que nunca deveriam receber um voto dos homens e mulheres honestos desse País!Lamentável.
Digo mais. somente uma sociedade democrática, plural, pode impedir que figuras como esta façam carreira na política tentando impor uma pauta preconceituosa. Povo do DF melhorem seus representantes.

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